A História não se repete, mas ensina (se dela se retirar as devidas lições)
O fascismo e a guerra são recursos do imperialismo
Há datas que remetem para acontecimentos marcantes, daqueles que mudam o curso da História e a marcha da Humanidade. Por estes dias assinalam-se dois deles: a invasão da Polónia pelo nazi-fascismo, a 1 de Setembro de 1939, que marca o início formal da Segunda Guerra Mundial, e os 80 anos do começo da batalha de Stalinegrado, a maior e mais brutal desse conflito (e de toda a história), travada entre 23 de Agosto de 1942 e 2 de Fevereiro de 1943.
De tudo o que importa reter sobre estes acontecimentos destacam-se, desde logo, os mais de 50 milhões de mortos provocados pela Segunda Guerra Mundial, para cima de 20 milhões dos quais cidadãos da União Soviética (russos, ucranianos, bielorussos, moldavos, cazaques…). E, de modo não menos significativo, os tenebrosos crimes cometidos pelo nazi-fascismo nos campos de concentração e extermínio, nos territórios ocupados, nos pelotões de fuzilamento, nas torturas, no trabalho escravo imposto a milhões de seres humanos ao serviço dos monopólios alemães.
Da batalha de Stalinegrado é justo que se diga que retirou em definitivo a iniciativa militar aos exércitos nazi-fascistas (que ali perderam mais de um milhão e meio de efectivos) e mudou decisivamente o curso da guerra: a importância estratégica da cidade era imensa e o facto de a URSS estarentão praticamente isolada no combate ao grosso das forças nazi-fascistas (a segunda frente foi apenas aberta em Junho de 1944) conferia-lhe uma importância global.
O heroísmo e a firmeza dos defensores da cidade, em sete meses de combates rua a rua e casa a casa, a crescente superioridade do Exército Vermelho, a coesão e capacidade de direcção do Partido Comunista da União Soviética foram determinantes para a vitória, celebrada em todo o Mundo: o rei inglês Jorge VI ofereceu a Espada de Honra a Stalinegrado; Pablo Neruda dedicou-lhe um Canto de Amor.
O desfecho da batalha abriu caminho para a vitória final, consumada em Berlim, em Maio de 1945, pelo Exército Vermelho. O mundo, esse, nunca mais seria o mesmo.
Aprender sempre!
Evocar estas datas, exaltando o seu significado, constitui um elementar dever de memória: pela mais do que justa recordação dos heróis, dos mártires e das vítimas, como pela necessidade de aprender com a História – questão essencial para a construção de um futuro de paz, democrático e progressista.
O imperialismo sabe bem a importância da memória, daí ter há muito em marcha uma poderosa e multifacetada ofensiva ideológica, que sobre a Segunda Guerra Mundial visa obscurecer as suas reais origens, a natureza de classe do nazi-fascismo e o papel decisivo que tiveram na vitória a União Soviética, os comunistas, a resistência popular antifascista. Não por acaso, a destruição de monumentos alusivos à libertação do jugo nazi-fascista pelo Exército Vermelho acompanha há décadas a crescente submissão dos Estados do Leste da Europa à estratégia agressiva do imperialismo: hoje fala-se dos países do Báltico, mas sucedeu (e sucede) o mesmo na Ucrânia, na Polónia, na Bulgária…
Ontem como hoje, o fascismo e a guerra são recursos do imperialismo face ao contínuo agravamento da crise estrutural do sistema capitalista. Diga-se o que se disser, o controlo de mercados e fontes de matérias-primas, a intensificação da exploração, a limitação do desenvolvimento de países emergentes e da sua inter-relação, são os seus reais objectivos.
Nos anos 30 do século XX, a França e o Reino Unido entregaram a Hitler a República espanhola, a Checoslováquia e a Polónia para que a máquina de guerra nazi-fascista fosse lançada contra a União Soviética; agora, o imperialismo norte-americano está disposto a sacrificar até ao último ucraniano (e não só) para salvaguardar a sua hegemonia. A corrida aos armamentos, a retórica militarista, as ameaças e as sanções, a guerra, são peças dessa estratégia.
Aos comunistas e demais forças progressistas está colocada a urgência de reforçar a luta pela paz e, com ela, a luta em defesa dos direitos e condições de vida dos trabalhadores e dos povos. Por elas passa muito do nosso devir colectivo.