A razão dos ataques a Angola e ao MPLA

Carlos Lopes Pereira

Após a II Guerra Mundial, com a vitória da URSS e aliados sobre o nazi-fascismo, os ventos da emancipação nacional e social sopraram mais fortes também em África.

Em Angola, onde o povo sempre resistiu – de uma forma ou de outra – à dominação estrangeira, organizações nacionalistas foram construindo a unidade e, na segunda metade dos anos 50, juntaram-se e formaram um amplo movimento popular de libertação, o MPLA.

Perante a recusa da ditadura fascista e colonialista em Portugal em discutir uma solução pacífica que conduzisse à independência das suas colónias, tornou-se inevitável o desencadear da luta armada de libertação, primeiro em Angola, em 1961, depois na Guiné-Bissau e em Moçambique.

Tal como nas outras colónias em luta, o combate emancipador do povo angolano, sob a direcção do MPLA e do seu líder, Agostinho Neto, exigiu espantosos sacrifícios. Ao fim 13 anos de guerra e, em 1974, com a Revolução de Abril em Portugal, foram criadas condições para a independência das colónias, o que no caso de Angola aconteceu a 11 de Novembro de 1975, com a proclamação em Luanda da República Popular de Angola.

Não foi a almejada paz: o valente povo angolano e o MPLA tiveram de lutar ainda longamente para defender a integridade territorial do seu país e criar condições para construir pacificamente o desenvolvimento.

Lutaram contra os agressores chegados do Norte (tropas zairenses, forças da FNLA – apoiada desde a sua criação pelos EUA –, mercenários recrutados pela CIA) e contra os invasores pelo Sul (colunas militares do regime do apartheid e grupos da UNITA), uns e outros, mancomunados, procurando liquidar à nascença a jovem república.

Rechaçados os invasores em 1975, as Forças Armadas Populares de Angola (FAPLA), entretanto formadas, apoiadas por combatentes internacionalistas de Cuba, continuaram a lutar, durante anos, defendendo a pátria angolana contra as agressões do exército da África do Sul racista e seus aliados internos.

Em finais de 1987 e princípios de 1988, desenrolou-se no Sudeste de Angola a Batalha de Cuito Cuanavale, envolvendo milhares de soldados, aviões e tanques, confronto que terminou com a vitória das heróicas forças angolanas-cubanas e a derrota do poderoso e até então considerado «invencível» exército do apartheid sul-africano.

A vitória de Cuito Cuanavale consolidou a independência e soberania de Angola, deteve o avanço das forças do apartheid, desencadeou o processo de desmantelamento do regime racista de Pretória – imparável, após a libertação de Nelson Mandela –, abriu caminho à independência da Namíbia.

Ocorreram, pois, no último quartel do século XX, mudanças de dimensão histórica na África Austral, de que são exemplos as independências de Angola, Moçambique e Namíbia, o fim do regime racista na Rodésia e o nascimento do Zimbabwe, o desmoronar do apartheid e a emergência da África do Sul democrática. Mudanças que significaram um recuo do imperialismo norte-americano, instigador e apoiante do colonialismo e dos regimes racistas no continente africano e no mundo.

É o ódio contra essas transformações progressistas, nunca aceites pelos seus inimigos de sempre, a razão dos ataques, ampliados em tempo de eleições, contra Angola e o MPLA, o partido da independência.

 



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