Exército de Israel encerra sedes de instituições civis palestinianas

Na Cisjordânia ocupada, forças militares israelitas assaltaram e encerraram instalações de instituições civis e de defesa dos direitos humanos palestinianas. Em Portugal, o MPPM criticou a «inércia» do governo perante mais estes crimes de Telavive.

Críticas à inércia no plano internacional, e do governo português, face aos crimes de Telavive

O exército de Israel assaltou e fechou, no dia 18, os escritórios de instituições civis e de defesa dos direitos humanos palestinianas em Ramala, na Cisjordânia ocupada. Os militares saquearam as suas instalações e confiscaram o seu equipamento.

As forças ocupantes israelitas acusaram as entidades atacadas de serem «ilegais» e de terem ligações à Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), pretendendo assim cobrir a operação militar lançada. A FPLP luta contra a ocupação israelita e pela independência do seu povo e da sua pátria.

As instituições civis e de defesa dos direitos humanos palestinianas classificadas de «ilegais» por Israel e cujas sedes foram invadidas e fechadas, são: Addameer (Associação de Apoio aos Presos e de Direitos Humanos); Al-Haq (Defesa dos Direitos Humanos); DCI-P (Defesa das Crianças Internacional – Palestina); Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento; UAWC (União de Comités de Trabalho Agrícola); e UPWC (União dos Comités de Mulheres Palestinas). Também a UHWC (União de Comités de Trabalho em Saúde) foi alvo do assalto israelita.

«É uma escalada perigosa e uma tentativa de silenciar a voz da verdade e da justiça», considerou o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein Al-Sheik.

A deputada árabe-israelita Aida Touma-Slíman, do Hadash, condenou a acção afirmando que «terrorista é quem conquista outro país e estabelece um regime de apartheid, não quem luta para expor os seus crimes».

O deputado Ofer Cassid, do mesmo partido, acusou o exército de ocupação israelita de ter atacado as organizações de defesa dos direitos humanos que apresentaram denúncias contra Israel junto do Tribunal de Haia. «Não há nada que prove as acusações falsas de Telavive. É assim que se vê um regime de apartheid. A ocupação é terrorismo e os seus executantes são terroristas. Aqueles que expõem os crimes desse regime e lutam contra ele são heróis!», afirmou.

Entretanto, mais de 50 instituições civis israelitas repudiaram o fecho das seis organizações não-governamentais palestinianas e apelaram à pressão internacional sobre as autoridades de Telavive de forma a obrigá-las a revogar esta inaceitável decisão.

 

MPPM critica «inércia» do governo português

Em Portugal, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) condenou o assalto e o encerramento pelas forças de ocupação israelitas das instalações de organizações civis palestinianas e criticou a inércia no plano internacional – incluindo do Governo português – em exigir de Israel a reversão da designação destas como «organizações terroristas».

Lembrando que as entidades civis encerradas realizam um trabalho essencial em matéria de direitos humanos e de apoio às populações palestinianas na Cisjordânia ocupada e que algumas trabalham com as Nações Unidas, o MPPM destaca não estar em causa para o Estado de Israel a defesa da sua segurança, como pretende fazer crer, mas sim «o silenciamento de organizações prestigiadas que, pelo seu trabalho continuado, conquistaram um reconhecimento internacional que lhes dá audiência para a denúncia dos crimes israelitas contra os palestinianos».

O MPPM apela às pessoas e organizações amantes da paz e defensoras dos direitos humanos e dos povos a que «manifestem a sua solidariedade activa com o povo palestiniano na defesa dos seus direitos à autodeterminação e à independência» e «instem o governo português para, à semelhança de seus congéneres europeus, pressionar Israel para reverter imediatamente a designação das seis organizações como associações ilegais bem como a ordem militar que ordena o encerramento das suas instalações».

Assim como que «reclamem do governo português o reconhecimento do Estado da Palestina, com Jerusalém Oriental como capital, e uma solução justa para os refugiados, no respeito pelo direito internacional, pelo direito internacional humanitário e pelas resoluções da ONU».

 



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