CIA processada por espiar advogados de Assange
A CIA foi processada judicialmente no Reino Unido por espiar advogados, médicos e jornalistas ligados ao caso Julian Assange. O fundador da WikiLeaks continua detido em Londres, correndo o risco de ser extraditado para os EUA.
Visitantes de Assange asilado na embaixada do Equador em Londres eram vigiados pelos serviços secretos dos EUA
Advogados e jornalistas que visitaram Julian Assange, quando esteve asilado na embaixada do Equador em Londres, apresentaram perante a justiça britânica uma queixa contra a CIA (Agência Central de Inteligência) e o seu ex-director, Mike Pompeo.
Segundo explicaram os queixosos numa conferência de imprensa virtual, realizada no dia 15, a partir de Londres, uma empresa espanhola encarregada da segurança da representação diplomática equatoriana fotografou e descarregou informação dos telemóveis e computadores de Assange, e gravou conversas com o fundador da WikiLeaks, por ordem da CIA.
Os visitantes – advogados, jornalistas e médicos – possuíam muitas vezes informação confidencial nos seus equipamentos, afirmou o advogado Richard Roth, lembrando que a Constituição dos EUA protege os seus cidadãos dos abusos do governo, mesmo quando ocorrem numa embaixada estrangeira ou em outro país.
Além de espionagem, há outras acusações graves contra a CIA. Em Setembro de 2021, a plataforma digital Yahoo! News reportou que a CIA, sob a direcção de Mike Pompeo (2017-2018), discutiu planos para sequestrar Assange da embaixada equatoriana em Londres e assassiná-lo.
O jornalista está preso num cárcere londrino de alta segurança desde Abril de 2019, quando o então presidente equatoriano Lenin Moreno, conluiado com os EUA, lhe retirou o asilo político outorgado sete anos antes pelo seu antecessor, Rafael Correa.
Em Junho passado, o governo britânico autorizou a extradição de Assange para os EUA, que pretendem julgá-lo por denunciar na WikiLeaks alegados crimes de guerra cometidos por militares seus no Iraque e Afeganistão, bem como por expor documentos secretos da diplomacia norte-americana.
A defesa do jornalista australiano recorreu da ordem de extradição assinada pela ministra do Interior, Priti Patel, e o caso pode ser retomado no Outono perante o Tribunal Superior de Londres.
Se for extraditado para os EUA e julgado num tribunal norte-americano, Assange arrisca-se a ser condenado a 175 anos de cadeia, com base nas 17 acusações de que é alvo.