O legado inspirador de Adriano nos 80 anos do seu nascimento

A passagem dos 80 anos do nascimento de Adriano Correia de Oliveira será evocada na Festa do Avante! em vários momentos e locais, com iniciativas que revisitarão a sua vida e obra.

Uma homenagem que assumirá diversas expressões e formas, desde o espectáculo com Paulo Bragança até ao lançamento editorial de livros dedicadas à sua figura, passando pela presença de painéis e exposições em espaços como o Pavilhão Central ou as Organizações Regionais do Porto e Coimbra.

Trata-se de uma obra marcante e transformadora, indissociável dos vários domínios em que se distinguiu como homem, artista, militante comunista e resistente antifascista.

A sua inconfundível voz, única e poderosa, iluminou palavras plenas de significado, que se constituíram em símbolos da heróica luta de resistência contra o fascismo. Lembremo-nos de «Cantar de Emigração», «Trova do Vento que Passa» ou «Pedro Soldado». Palavras que deram lugar, após a madrugada libertadora de Abril, a tantas outras, feitas de paixão e sonho, que acompanharam a gesta vibrante de um povo apostado em desbravar o caminho na construção de um País novo, em democracia e liberdade.

E apesar de nos deixar muito novo - tinha apenas 40 anos -, o seu repertório, cantado naquele timbre invulgar e limpo,

foi poderoso em número e qualidade para se afirmar como uma obra consistente, que permanece viva e actual. E por isso é imenso o legado que nos deixou e que nos acompanha, presentes em temas como «Morte que Mataste Lira», «Roseira Brava», «Menina dos Olhos Tristes», «Lágrima da Preta», «Capa Negra, Rosa Negra», «Fado dos Olhos Claros», «Roseira Brava», «Tejo que Levas as Águas», entre tantos outros. Preciosidades que integram o melhor da música de intervenção portuguesa e da canção de Coimbra.

Mas de Adriano fica-nos ainda o seu interesse pela actividade cultural e cívica, pelo movimento associativo, que cedo despontou e ganhou expressão em Avintes.
E não menos relevante – e este é outro traço forte que o caracteriza e ao seu percurso de vida – é a militância comunista, a sua imensa e generosa disponibilidade e entrega, desde a adesão ao Partido no princípio dos anos 60 e até ao fim dos seus dias.
Marcas, tudo somado, que consolidam um corpo de valores associados à vida e obra de Adriano Correia de Oliveira, que muito justamente estarão em destaque na edição da Festa do Avante! 2022.

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Cantar de Emigração

Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão.
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão.

Tens em troca órfãos e órfãs
Tens campos de solidão.
Tens mães que não têm filhos
Filhos que não têm pai.

Coração que tens e sofre
Longas ausências mortais.
Viúvas de vivos mortos
Que ninguém consolará.

Este parte, aquele parte
E todos, todos se vão.
Galiza ficas sem homens
Que possam cortar teu pão.

Poema de Rosalía de Castro, música de José Niza, interpretação de Adriano Correia de Oliveira

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Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
Que estava a chorar
Pedi-lhe uma lágrima
Para analisar.

Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterilizado.

Olhei-a de um lado
Do outro e de frente
Tinha um ar de gota
Muito transparente.

Mandei vir os ácidos
As bases e os sais
As drogas usadas
Em casos que tais.

Ensaiei a frio
Experimentei ao lume
De todas as vezes
Deu-me o que é costume.

Nem sinais de negro
Nem vestígios de ódio
Água quase tudo
E cloreto de sódio.

Poema de António Gedeão, música de José Niza, interpretação de Adriano Correia de Oliveira

 



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