Rússia e ONU debatem exportações

Moscovo e Nações Unidas conversam sobre exportações de cereais e fertilizantes. Rússia mantém contactos com Itália e Turquia. União Europeia aprova novas sanções contra a Rússia.

Rússia pronta para exportar cereais e fertilizantes se forem levantadas sanções

Lusa

O vice-primeiro-ministro russo Andréi Beloúsov e a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan, abordaram a possibilidade de exportar cereais e fertilizantes.

Segundo um comunicado do gabinete do responsável russo, a intenção do encontro, em Moscovo, no dia 30, foi ajudar a estabilizar a situação global, afectada pelo impacto da crise económica mundial, as sanções contra a Rússia e outros países e o agravamento do conflito militar na Ucrânia. Grynspan deslocou-se a Moscovo «numa missão especial a pedido do secretário-geral das Nações Unidas».

Sobre esta problemática, o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou ao primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, que o seu país está pronto para contribuir para a superação da crise alimentar, mediante a exportação de cereais e fertilizantes, no caso de se eliminarem as sanções impostas à Rússia pelos EUA e a UE.

O presidente russo esclareceu que, do seu ponto de vista, as dificuldades de abastecimento dos produtos agrícolas ao nível mundial, com impactos na segurança alimentar, estão relacionadas com quebras nas cadeias de produção e logística e com as políticas financeiras dos países ocidentais durante a pandemia de COVID-19, situação que se agravou devido às sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia.

Ainda em torno desta questão, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, deslocar-se-á no dia 8 à Turquia, para conversações sobre «corredores seguros» para transporte de cereais, informaram fontes turcas.

Os presidentes russo, Vladimir Putin, e turco, Tayyip Erdogan, mantiveram no dia 30 contactos telefónicos. Moscovo fez saber que «o lado russo está pronto para facilitar o trânsito marítimo de mercadorias sem entraves, em coordenação com os parceiros turcos» e isso também se aplica «à exportação de cereais dos portos ucranianos».

Gás pago

Putin assegurou ainda a Draghi que Moscovo tem a intenção de manter o fornecimento ininterrupto de gás à Itália aos preços estabelecidos nos contratos.

Apesar das pressões dos dirigentes da União Europeia e dos EUA, são cada vez mais os países europeus a pagar o gás russo importado na base do mecanismo de pagamento apresentado pelas autoridades russas. Trata-se de uma exigência imposta a 31 de Março pela Rússia, face às mais de 10 mil medidas sancionatórias implementadas pelos EUA e a UE contra Moscovo. Cerca de metade dos clientes europeus da companhia Gazprom aceitaram fazer o pagamento do gás importado utilizando o mecanismo apresentado pela Rússia. Alemanha, Itália, Grécia e Hungria, entre outros países, autorizaram, após consultas à União Europeia, as suas empresas a pagar o gás russo utilizando este novo mecanismo.

Embargo petrolífero

O Conselho Europeu, reunido em Bruxelas, nos dias 30 e 31, aprovou novas sanções económicas, financeiras e outras contra a Rússia.

Os chefes de Estado e de governo dos 27 países membros da União Europeia acordaram em cessar, até ao final deste ano, as importações de petróleo russo por via marítima, cerca de 90 por cento do total adquirido à Rússia. Países sem costa que recebem o petróleo russo através de oleodutos – Hungria, Eslováquia, República Checa – continuarão a importar por essa via.

Além do embargo ao petróleo russo, o sexto pacote de sanções inclui a suspensão do acesso do maior banco russo, Sberbank, ao sistema de pagamentos Swift. Entre outras medidas, foram censurados pela UE mais três órgãos de comunicação social russos, uma decisão que desrespeita preceitos constitucionais de países, como Portugal, e as suas respectivas competências soberanas, numa questão tão importante como a liberdade de expressão e informação e a liberdade de imprensa e meios de comunicação social.

A propósito, recorde-se que um dos principais obstáculos que está a dificultar o transporte de cereais reside no facto de as autoridades ucranianas terem colocado minas nos portos, dificultando o movimento dos navios.




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