Eunice Muñoz deixa rico legado

A ac­triz Eu­nice Muñoz, nome maior do te­atro por­tu­guês, fa­leceu no dia 15, aos 93 anos.

Nas­cida a 30 de Julho de 1928, na Ama­re­leja, con­celho de Moura, Beja, numa rua que tem hoje o seu nome, Eu­nice do Carmo Mu­nhoz des­cende de uma fa­mília de três ge­ra­ções de ac­tores – os es­pa­nhóis Muñoz, no te­atro, e dos si­ci­li­anos Car­di­nalli, no circo.

Veio para Lisboa em 1934 e es­treou-se, em 1941, aos 13 anos, no Te­atro Na­ci­onal D. Maria II. Foi na com­pa­nhia Rey Co­laço – Ro­bles Mon­teiro que ac­tuou em Ven­daval, de Vir­gínia Vi­to­rino.

Com apenas 14 anos entra no Con­ser­va­tório de Lisboa, ter­mi­nando o curso de Te­atro aos 17, com uma média final de 18 va­lores. Após uma car­reira de 80 anos, que en­ri­queceu o ce­nário cul­tural por­tu­guês, o seu per­curso soma mais de 120 peças, quase três de­zenas de com­pa­nhias, mais de dez pré­mios. Já no ci­nema e na te­le­visão, o seu nome está as­so­ciado a mais de 80 pro­du­ções de ficção, entre filmes, te­le­no­velas e pro­gramas de co­média.

Des­tacam-se os pré­mios de Car­reira da Aca­demia Por­tu­guesa de Ci­nema (em 2015) e as dis­tin­ções de Ofi­cial da Ordem Mi­litar de Sant’­lago (em 1981), grau de Grande-Ofi­cial da Ordem do In­fante D. Hen­rique (em 1991) e a Grã Cruz da Ordem de Mé­rito (em 2018). Em 1990, foi-lhe atri­buída a Me­dalha de Mé­rito Cul­tural e, em 2009, foi ga­lar­doada com o tí­tulo de Dou­tora Ho­noris Causa pela Uni­ver­si­dade de Évora.

Fi­gura maior da cul­tura na­ci­onal, Eu­nice Muñoz dizia que em 1974 tinha visto «Por­tugal re­nascer às mãos de quem lhe queria bem (…). Direi ao fas­cismo dis­far­çado, até que não possa dizer mais, não, não pas­sarão». «Eu e toda a minha ge­ração apa­nhámos efec­ti­va­mente esse corte me­donho [cen­sura], como quem tira um bo­cado duma perna», disse Eu­nice Muñoz à agência Lusa, re­fe­rindo-se à di­ta­dura que marcou 33 anos do seu per­curso pro­fis­si­onal.

«Esse re­per­tório proi­bido fez muita falta», acres­centou, exem­pli­fi­cando com Mãe Co­ragem, de Ber­tolt Brecht, que só in­ter­pretou em 1986, no Te­atro Aberto, mas também com a Can­tora Ca­reca, de Io­nesco, que nunca re­pre­sentou.

 



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