CPPC no Porto contra a guerra e em defesa da paz e da liberdade

No domingo, 27, centenas de pessoas encheram a Praça D. João I, no Porto, para participar na iniciativa Parar a guerra! Dar uma oportunidade à paz!, promovida pelo CPPC. Em causa esteve a defesa da paz, da cooperação e, também, da liberdade de expressão.

Nas últimas semanas, o CPPC promoveu várias iniciativas em defesa da paz

A praça contígua ao Teatro Rivoli tingiu-se do azul e branco das bandeiras do CPPC, nas quais uma das célebres pombas de Picasso acompanha a palavra «Paz». O sol, que tinha andado escondido nos dias anteriores, resolveu aparecer, acrescentando brilho à tarde e dessa forma contribuindo para o êxito da acção, onde uma vez mais se reafirmou, pela voz de Ilda Figueiredo, que «não se põe fim à guerra insistindo no caminho que conduziu a ela. A guerra, o militarismo, a confrontação não são o caminho para alcançar a paz».

A realização daquela acção naquele local, explicou a presidente da direcção do CPPC, deveu-se à decisão do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, de impedir a realização do habitual Concerto pela Paz no Teatro Municipal Rivoli, que estava marcado há largos meses. A este propósito, Ilda Figueiredo partilhou com os presentes uma convicção: «Um dia voltaremos ao Teatro Rivoli e aos Concertos pela Paz, porque os presidentes passam, mas a luta pela liberdade, pela democracia e pela paz continua.»

Pelo palco da Praça D. João I passaram artistas de diversas áreas e idades: a música pelo Bando dos Gambozinos, o Coral de Letras da Universidade do Porto, o trio Pedro Marques, Manuel Pires da Rocha e Paulo Vaz de Carvalho e a poesia nas vozes de Sofia Menezes e Amílcar Mendes. A apresentação ficou a cargo de Leonor Medon e as intervenções foram proferidas por Cristina Nogueira, em representação da CGTP-IN, e Ilda Figueiredo, pelo CPPC.

Parar a guerra e não agravá-la
Daquela expressiva acção sobressaiu a solidariedade com todos os povos que sofrem as consequências das guerras, das sanções e das ocupações, «incluindo o povo ucraniano, o povo russo e o povo português». Seria ainda Ilda Figueiredo a reafirmar que o CPPC é contra a «corrida aos armamentos, incluindo os nucleares e por isso temos a circular uma nova petição para que Portugal assine e promulgue o Tratado de Proibição de Armas Nucleares. Não se combate a guerra com nova corrida aos armamentos, como fizeram há dias em Bruxelas os presidentes dos EUA, da NATO e da União Europeia, que querem reforçar as verbas para os orçamentos militares».

A dirigente do CPPC questionou ainda as opções orçamentais do País, recentemente assumidas: «Então em Portugal dizem que não há dinheiro para mais e melhores salários, reformas, serviços públicos de educação, saúde, habitação e agora para o armamento já há dinheiro? Não aceitamos este caminho. E por isso denunciamos estas decisões que só podem conduzir ao agravamento dos conflitos e da guerra.»

Em todo o País
Também sob o lema Parar a guerra! Dar uma oportunidade à paz! realizou-se uma acção em Alcácer do Sal, no dia 26. Intervieram Rui Garcia, vice-presidente do CPPC, José Santana, pela União Local de sindicatos de Sines, e o presidente da Câmara Municipal, Vítor Proença. Reafirmou-se a urgência de pôr fim à guerra na Ucrânia e no mundo e promover as negociações alcançado soluções que sirvam aos povos e à paz.

O mesmo acontecera já em Aveiro, no dia 22, onde activistas do CPPC e de outras organizações denunciaram as falsas soluções, que se apresentam como de defesa da paz e do povo ucraniano e mais não fazem do que prolongar o conflito e fechar as portas ao diálogo e, consequentemente, à solução negociada da guerra.

Anteontem, ao final da tarde, realizou-se no Espaço da Paz em Vila Nova de Gaia, um leilão solidário com o povo ucraniano, organizado por Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, com o apoio do CPPC e da Câmara Municipal.

 

Carta aberta Pela paz, contra a criminalização do pensamento

Duas dezenas de personalidades, de diferentes áreas, divulgaram no início desta semana uma carta aberta, intitulada Pela Paz, contra a criminalização do pensamento.

Condenando a guerra e a violação da integridade territorial da Ucrânia, os subscritores denunciam a criação de um «ambiente tóxico, em muitos casos vinculado e estimulado por meios de comunicação social e por responsáveis do poder político, de hostilização, desacreditação pessoal e intimidação de todos os que não sigam a cartilha de uma opinião que se arvora ao estatuto de pensamento único». E denunciam a discriminação e perseguição de artistas e desportistas por razões de nacionalidade.

Os promotores da carta aberta consideram que a «denúncia vigorosa da guerra não é incompatível com a necessidade de procurar entender a natureza do conflito, as interpretações que ele suscita, e de como se chegou a esta situação». E garantem que a «forma maniqueísta de olhar a realidade, a opção da propagada em detrimento do conhecimento, assentam na tentação de uma deriva totalitária» e num «ambiente público de crescente intolerância, censura, e perseguição».

Quanto à solução para pôr fim à guerra, garantem que ela não passa pelo «aumento da escalada armamentista» nem por «apelos à globalização da guerra», mas sim na «coragem de avançar para a paz e a obrigatória cooperação entre todos os povos, no enfrentar de tantas ameaças que a todos afectam».

São subscritores da carta aberta: Ana Margarida Carvalho (escritora); Artur Pereira (consultor de comunicação); Boaventura Sousa Santos (sociólogo e professor); Carmo Afonso (advogada); César Viana (compositor e maestro); Cíntia Gil (programadora de cinema); Constança Cunha e Sá (jornalista); Dino Santiago (músico); Francisco Baptista (capitão de mar e guerra reformado); Francisco Mangas (escritor); Gustavo Namorado (advogado); Isabel do Carmo (médica); João Rodrigues (economista e professor universitário); Júlio Cardoso (actor e encenador); Miguel Januário (artista); Nuno Ramos de Almeida (jornalista); Paula Godinho (antropóloga e professora universitária); Pedro Tadeu (jornalista); Raul Cunha (major-general reformado); Viriato Soromenho-Marques (filósofo e professor universitário).



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