Situação de seca reclama medidas imediatas e estruturais
O PCP voltou a alertar para as consequências da «gravíssima seca» que assola ao País, defendendo medidas imediatas e estruturais e uma gestão dos recursos hídricos que impeça a mercantilização da água e o aumento dos custos para as populações.
«O País precisa de uma gestão responsável, assente na hierarquização dos usos em períodos de escassez, para que esteja definido onde se poupa e onde não pode faltar, priorizando o uso humano, a saúde pública, agricultura e indústria adaptadas às condições climáticas, os serviços de ecossistemas», afirmou a deputada comunista Alma Rivera, dia 3, em debate da Comissão Permanente da AR suscitado pela sua bancada e centrado na situação da seca, que contou com a presença dos ministros da Agricultura e do Ambiente e da Acção Climática.
«Para que não falte água, nem nas torneiras nem nos campos, é preciso tomar medidas», exortou a parlamentar do PCP, muito crítica quanto ao facto de governo atrás de governo se ter vindo a assistir ao sistemático adiar de «investimentos indispensáveis à captação e armazenamento de águas», à contínua falta de «pequenas infra-estruturas de aproveitamento», a uma gestão privada de barragens que obedece sobretudo a critérios de rentabilidade na produção de energia sem garantia de segurança nos abastecimentos e regularização de caudais.
Atraso e timidez
Apesar da promessa da ministra da Agricultura de que o despacho por si assinado na véspera do debate, no qual é reconhecida a existência de seca severa e extrema, vai permitir a adopção de medidas de apoio, tal não foi suficiente para tranquilizar a bancada comunista.
É que, como foi lembrado, todos têm bem presente a insuficiente resposta do Governo às dificuldades dos agricultores e produtores pecuários, confrontados que estão com o aumento dos preços dos factores de produção e com o previsível aumento dos custos dos cereais. O que levou o deputado comunista João Dias a acusar o Ministério da Agricultura não só de «atraso» nas medidas que toma como de «timidez» no seu alcance, sempre aquém das necessidades.
«As medidas deveriam ser de ajuda directa, mas o que o Governo anuncia são medidas que conduzem a mais endividamento», sublinhou, defendendo que são precisas, sim, «medidas imediatas, de médio prazo e estruturais».
Num debate onde o ministro do Ambiente reconheceu que a «seca em Portugal não é conjuntural, é estrutural», a deputada do PEV Mariana Silva, por seu lado, verberou o facto de a gestão da água ser «feita em função de lógicas de obtenção de lucro», lamentando, simultaneamente, que, ao invés da «prometida viabilidade de uma agricultura sustentável», continue a favorecer-se a «implantação da monocultura de eucalipto e o aumento e promoção das culturas superintensivas».