A Cultura como direito e ferramenta

Aquele foi o primeiro momento em que o grande Campo Pequeno vibrou, no sentido literal (será muito mais difícil indicar a primeira vibração em sentido figurado): a actuação do grupo Bardoada. Aos bombos juntaram-se as gaitas de foles, num crescendo vertiginoso, com um fundo de milhares de mãos em palmas, no ritmo preciso. A alegria e a exuberância vividos neste comício subiram ainda mais alto com A Carvalhesa.

Fortes e secas pancadas de bombo marcaram, pouco depois, os capítulos de um breve vídeo sobre a história do PCP e os seus 100 anos «sempre a agir, a intervir, a lutar e a olhar para o futuro» como disse Raquel Bulha, que apresentou o momento cultural do comício.

Luísa Basto, acompanhada ao piano por Nuno Tavares, começou por recordar que «se Abril ficar distante / desta terra e deste povo / a nossa força é bastante / para fazer um Abril novo».

Para chamar Hélder Moutinho – acompanhado por Ricardo Parreira, na guitarra portuguesa, Miguel Silva, na viola, e Ciro Bertini, no baixo –, a apresentadora lembrou que o fado está na história do PCP desde os primeiros momentos. O fadista e os seus músicos tomaram os lugares no palco com a multidão a gritar «a cultura é um direito, sem ela nada feito». A palavra de ordem haveria de se repetir, mais que uma vez, nas actuações seguintes.

A actuação foi dedicada «à liberdade, à solidariedade e à paz». Muitos telemóveis acenderam-se, acenando, a «Quando eu partir». Com fortes aplausos foi recebida a referência a João Monge, como autor das «palavras» ali cantadas.

De Coimbra vieram e abriram a actuação com o Hino de Caxias, com um imenso coro as vozes de um público que nem precisava de ser chamado para participar constantemente no espectáculo –, Catarina Moura, Luís Pedro Madeira e Manuel Pires da Rocha. Com o violino em descanso, este assinalou não ser por acaso que coube à arte, feita instrumento de luta, grande parte da intervenção política no comício.

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