Venezuela evocou 4 de Fevereiro de 1992
O presidente da Venezuela destacou o carácter popular e o impacto no despertar da consciência nacional da falhada rebelião militar liderada por Hugo Chávez em 4 de Fevereiro de 1992.
Gesta de 4 de Fevereiro de 1992 foi uma «rebelião revolucionária, bolivariana e humanista»
Ao intervir perante milhares de pessoas, em Caracas, reunidas para assinalar o 30.º aniversário da insurreição de 4 de Fevereiro, Nicolás Maduro salientou que depois de três décadas de duras e complexas batalhas, os venezuelanos continuam vitoriosos «em revolução e rebelião permanentes».
Chávez e o Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200) irromperam na História quando o capitalismo declarava vitória sobre os povos do mundo e preparava planos para colonizar os países da América Latina e do resto do mundo com o poder do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou o presidente.
Recordou que os governantes de então na Venezuela pretendiam – sob os ditames do FMI – abrir as portas e entregar as riquezas do país ao modelo neoliberal, o que provocou o levantamento popular de 27 de Fevereiro de 1989, conhecido como Caracazo e brutalmente reprimido. Foi neste cenário de descontentamento e rebelião social que nasceu o movimento de militares patriotas liderados por Hugo Chávez, inspirado no projecto histórico de Simón Bolívar.
O chefe do Estado venezuelano reconheceu o heroísmo dessa «valente geração» que «deu a cara por este povo, submetido a traições desde há séculos». Assegurou que a gesta de 4 de Fevereiro de 1992 foi uma rebelião revolucionária, bolivariana e humanista contra a oligarquia corrupta e contra o imperialismo representado pelo FMI. Disse que «da Venezuela do 27 de Fevereiro, do 4 de Fevereiro de 92, do confronto armado, Chávez construiu com o povo um caminho para a paz, para o avanço democrático, para o fortalecimento popular». E destacou a força da união cívico-militar, afirmando que a consciência popular pôde assim enfrentar ameaças e ataques perpetrados contra o país pelo governo dos Estados Unidos da América nos últimos anos.
Maduro ratificou o compromisso do governo bolivariano de avançar na recuperação económica e no fortalecimento dos programas sociais para resgatar o Estado de bem-estar, fragilizado em consequência das agressões económicas contra a Venezuela.
Objectivos não foram
alcançados «por agora»
A insurreição cujos 30 anos foram agora assinalados começou na madrugada de 4 de Fevereiro de 1992, quando militares se ergueram contra o governo neoliberal do ex-presidente Carlos Andrés Pérez.
Nesse dia, na tentativa de devolver a dignidade à nação venezuelana, um grupo de militares patriotas comandados pelo jovem tenente-coronel Hugo Chávez organizou uma rebelião que, apesar de ter fracassado, marcou o início do fim de uma época de democracias representativas corruptas e decadentes.
Com a chamada Operação Zamora, em que participaram membros do MBR-200, foi levado a cabo um levantamento cívico-militar que pretendia derrubar o governo corrupto. Mais de 2.300 homens pegaram em armas, mas os objectivos militares não foram alcançados e a rebelião terminou com uma vintena de baixas e a detenção dos implicados.
Depois de ter sido preso, para evitar mais derramamento de sangue, Chávez dirigiu-se às tropas rebeldes e, após ter reconhecido o falhanço da operação, afirmou: «Por agora, os objectivos que fixámos não foram alcançados (…)». A expressão converteu-se ao longo dos anos num símbolo de esperança, repetida pelo povo.
Hugo Chávez tornou-se presidente da Venezuela uma década após a rebelião de 1992 e encabeçou a Revolução Bolivariana entre 2002 e 2013. Foi substituído, após a sua morte, por Nicolás Maduro.