Caminhos diferentes cruzam-se numa mesma luta
As pessoas que se cruzam nos caminhos da militância comunista são de diferentes sectores da sociedade e regiões do País, mas também das mais variadas faixas etárias. Esta semana, o Avante! traz as experiências de dois novos militantes, em fases muito diferentes das suas vidas, mas unidos na luta por um futuro melhor.
Alexandra tem 40 anos e é enfermeira em Coimbra. Relata que ao longo da sua infância esteve sempre em contacto com a realidade política, através da actividade do seu pai, que era militante comunista. À medida que foi crescendo, sempre sentiu a necessidade de ter consciência acerca do que se passava em Portugal e no mundo.
Foi há seis anos que recebeu o convite para integrar o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Hesitou, mas ao acabar por aceitar começou também a perceber a realidade de todo o Hospital em que trabalha. Em relação a ser delegada sindical, Alexandra afirma que a experiência foi muito enriquecedora, «sobretudo na aprendizagem para a defesa dos direitos no trabalho» de todos os seus colegas.
Entretanto, tornou-se dirigente sindical com responsabilidades na região Centro do País. Mais uma vez, passou a conhecer mais histórias e mais realidades. Daí, fez a ponte para a actividade partidária e em Maio passado inscreveu-se no Partido, que já conhecia e em cujos ideais se revia, especialmente no que toca à defesa do SNS e dos seus trabalhadores.
Questionada acerca do momento preciso em que decidiu preencher a ficha de inscrição no PCP, a nova militante responde que foi no seu 40.º aniversário: «Fiz uma espécie de reflexão sobre a vida, do que estava para trás e do que está para a frente», contou. Do balanço desta reflexão resultou a convicção de que é preciso intervir e participar ainda mais na sociedade. «É preciso construir um Portugal melhor para todos, mas também para os meus filhos», realçou.
Na mesma barricada está Guilherme, de Oeiras. Tem 18 anos e é estudante do Ensino Secundário. Sabia que alguns familiares seus votavam na CDU, mas o que lhe despertou a consciência, desde logo muito cedo, foram as dificuldades que viveu com a sua mãe. Dificuldades que eram, para Guilherme, incompreensíveis.
Não percebia o porquê de ser indevidamente valorizado o salário da sua mãe, apesar de trabalhar de forma extenuante. Da mesma forma que para ele era inconcebível uma mãe solteira ver-se obrigada a fazer contas à vida sempre que, em Setembro, tinha de comprar manuais escolares para os filhos.
Procurou as respostas e encontrou-as na JCP e no PCP. Já tinha visto várias faixas dos jovens comunistas e quando, em Setembro do ano passado, outro jovem militante lhe entregou um documento à porta da sua escola, Guilherme tomou a consciência de que aquele era o seu Partido e decidiu em conformidade.
Para ele, a militância ofereceu-lhe uma maior consciência do que é o País e os seus problemas. Tornou-o uma pessoa mais esperançosa: «tenho uma esperança muito maior no futuro, porque tudo o que os comunistas fazem diariamente é no sentido de construir um futuro melhor, conseguir chegar a mais jovens e responder a cada vez mais problemas».