Actualidade e luta marcaram comemorações do 18 de Janeiro

No dia em que passaram 88 anos da revolta operária, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira levou às ruas da Marinha Grande a homenagem aos heróis de 1934 e os objectivos da luta presente.

A exigência de melhores salários vai reflectir-se na opção de voto

O dia 18, terça-feira, foi o ponto alto no programa das comemorações. Depois da deposição de cravos vermelhos nos túmulos de participantes no levantamento, nos cemitérios de Casal de Malta e Marinha Grande, realizou-se uma manifestação «Por melhores salários, pelo fim da precariedade» e também «Pela recolocação do monumento na Rotunda do Vidreiro».

Esta exigência tem estado presente nas preocupações do STIV, que no final de Novembro, em comunicado, se congratulou com o facto de, finalmente, o monumento inaugurado no cinquentenário da revolta, ser valorizado e preservado. Mas expressou «total discordância» com a decisão de retirar o monumento do local onde sempre esteve, no centro da Rotunda do Vidreiro.

Na altura, a direcção do sindicato sugeriu que, em 2024, quando passam 90 anos do heróico acto de resistência ao fascismo e à fascização dos sindicatos, seja inaugurado um memorial, com os nomes dos participantes, localizado «na meia-lua junto ao parque».

«É no local onde sempre esteve que este monumento assume a visibilidade e o destaque devidos aos heróis do 18 de Janeiro de 1934 e aos trabalhadores vidreiros», defendeu, também no final de Novembro, a Comissão Concelhia da Marinha Grande do PCP. Em comunicado, o Partido afirmou «frontal desacordo com a intenção dos vereadores da CM da Marinha Grande, do +MPM e do Partido Socialista, de alteração da localização do monumento».

Anteontem, ao informar que uma delegação, integrando vários dirigentes e os candidatos Heloísa Apolónia, Alexandra Dengucho, Anabela Baptista e João Norte, esteve presente na homenagem nos cemitérios e na manifestação, a CDU distrital veio associar-se «a todos os que lutam contra a deslocação da estátua do revolucionário do 18 de Janeiro». Para a CDU, é «justa a reivindicação de se adicionar ao monumento já existente um memorial com os nomes de todos os revolucionários que levaram a cabo esse acto heróico de resistência e afirmação de futuro e que integram o que de mais rico tem o património da Marinha Grande».

O conjunto escultórico, criado pelo marinhense Joaquim Correia, é constituído por dois blocos de pedra, com desenhos em baixo-relevo a representar operários trabalhando o vidro, e uma estátua de um operário vidreiro erguendo uma arma. Esta estátua foi retirada para restauro.

As comemorações dos 88 anos do 18 de Janeiro incluíram uma conferência dedicada à vida, resistência e luta das mulheres da Marinha Grande, anteontem à tarde, e uma exposição documental. Esta, designada «Quando amanhecerá, camaradas?», permanece no Sport Operário Marinhense até dia 30.

 

No voto como na luta

«Neste momento, o que se coloca aos trabalhadores é elegerem deputados que, de facto, defendam a resposta necessária às suas reivindicações, aos problemas do País e às necessidades que temos de alterar este modelo que já vigora há muitos anos e que querem aprofundar ainda mais», disse a Secretária-geral da CGTP-IN, citada pela agência Lusa.

Em declarações aos jornalistas, no final da manifestação que saiu das proximidades do cemitério da Marinha Grande para o centro da Rotunda do Vidreiro, Isabel Camarinha rejeitou esse modelo, «dos baixos salários, da precariedade, dos horários longos e desregulados, do desinvestimento nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado».

Repudiou igualmente «uma legislação laboral que não protege a parte mais frágil, que é o trabalhador», tal como a submissão às imposições da União Europeia e dos grandes grupos económicos, que contraria o desenvolvimento do País.

Para alterar este modelo, «é preciso que a composição da Assembleia da República garanta uma relação de forças em que nem PS, nem PSD tenham a maioria absoluta» e «as mãos livres».

A dirigente sindical criticou a ideia lançada pelo PS sobre a semana de trabalho de quatro dias, «sem conteúdo absolutamente nenhum». Notando que o primeiro-ministro e Secretário-geral do PS «disse que até podia ser com o aumento do horário nos quatro dias de trabalho», reafirmou a reivindicação da CGTP-IN, de 35 horas como limite máximo semanal da duração do trabalho para todos os trabalhadores.

 



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