CPPME acusa o Governo de ser insensível com as empresas
As novas medidas de contenção da pandemia, anunciadas pelo primeiro-ministro, vêm mais uma vez demonstrar a falta de sensibilidade do Governo relativamente às micro, pequenas e médias empresas.
Empresas são discriminadas em relação aos centros comerciais
A acusação é da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), referindo-se ao encerramento, entre 27 de Dezembro e 9 de Janeiro, das creches, ATL, bares e discotecas. «No caso das creches e dos ATL ficou, porém, por explicar objectivamente quem vai financiar tal encerramento e quem vai suportar os salários dos pais que vão ter que ficar em casa para cuidar dos seus filhos. Será que vão atribuir tal responsabilidade, outra vez, às mensalidades dos agregados familiares que têm os filhos nessas instituições ou às empresas que ficam privadas de clientes e de trabalhadores, ainda que o Estado assuma uma parte ou lhes pague alguns dos custos fixos», interroga-se a Confederação, em nota divulgada no dia 22 de Dezembro.
Relativamente aos bares e discotecas, «temos mais do mesmo, sem a mínima consideração por estes estabelecimentos, que, relembramos, já sofreram enormes prejuízos nos anteriores quatro surtos epidémicos», acrescenta a CPPME, reforçando: «Não é pagando mal, e com atrasos significativos, os custos fixos calculados segundo métodos completamente desajustados da realidade, que se ajuda as empresas a fazerem face às suas reais dificuldades económicas e financeiras».
Também não se entende que empresas, devidamente apetrechadas de condições de salvaguarda sanitária, «sejam discriminadas relativamente a centros comerciais, hipermercados e supermercados, que aglomeram multidões durante o dia todo, sem o cumprimento das exigências que os bares e discotecas há muito conseguem garantir».
Faltam respostas
A hotelaria, o alojamento local e a restauração voltam a ficar «debaixo da suspeita de serem “antros de contaminação COVID-19”, impondo-lhes o Governo a exigência de testagem negativa a todos os clientes, no momento em que a capacidade de testagem existente no privado está totalmente esgotada e o Estado se pôs de fora de todo este processo», acusa a CPPME.
Não servindo os certificados de vacinação, nem os auto-testes negativos para aceder a tais estabelecimentos, «adivinha-se que voltarão a perder grande parte dos seus clientes e a deparar-se com o cancelamento de reservas e estadias, sem que o primeiro-ministro lhes tenha dedicado qualquer palavra de conforto e apoio», refere a Confederação, observando que também os artistas, os agentes culturais e recreativos «perderam mais uma época alta de actividades, que tanta falta lhes vai fazer, não havendo justificação para a penalização destes, seja em salas fechadas ou ao ar livre, face à liberalização de outros sectores igualmente mobilizadores de grandes aglomerados de pessoas».