Moscovo propõe negociações imediatas com NATO sobre segurança
A Rússia reclama a abertura imediata de negociações internacionais visando pôr em prática garantias jurídicas que excluam novos avanços da NATO para Leste e a instalação de armas nos países vizinhos, nomeadamente na Ucrânia.
Rússia quer garantias que excluam novos avanços da NATO para Leste
Lusa
O Presidente russo, Vladimir Pútin, apelou a negociações «imediatas» com a NATO e os Estados Unidos da América sobre garantias a dar à Rússia para a sua segurança. Moscovo pretende garantias jurídicas a fim «de excluir o alargamento da Aliança Atlântica para Leste». O presidente russo «sublinhou a necessidade do lançamento imediato de negociações com os EUA e a NATO para definir as garantias jurídicas para a segurança do nosso país, a fim de excluir o alargamento futuro da Aliança Atlântica para Leste e a instalação de sistemas de armamento que ameacem a Rússia na Ucrânia e noutros Estados vizinhos», indicou o Kremlin na terça-feira, 14, num comunicado após uma conversa de Pútin com Sauli Niinistro, seu homólogo da Finlândia.
Numa reunião através de vídeo-conferência, no começo deste mês, o presidente russo já tinha reclamado ao presidente norte-americano, Joe Biden, garantias jurídicas para excluir um novo alargamento da NATO. Moscovo sublinha, a este respeito, que o alargamento da Aliança Atlântica a países da Europa do Leste e da ex-URSS, viola as suas promessas feitas após 1991. Assim, a Rússia considera uma eventual adesão de Kiev à NATO como uma «linha vermelha». A Rússia afirma que é ameaçada pela NATO, que arma Kiev e multiplica as incursões de meios militares aéreos e marítimos na região do Mar Negro.
Vladimir Pútin acusou o poder ucraniano de violar os acordos de Minsk que estabelecem um roteiro para a paz na Ucrânia, na região do Donbass. «O presidente da Rússia sublinhou, nomeadamente, que as autoridades ucranianas, infringindo os acordos de Minsk, apostam claramente na força, utilizando no Donbass armas pesadas e drones de ataque», indica o Kremlin.
Anteriormente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia tinha reafirmado, em comunicado, a necessidade de começar um «diálogo sério» sobre as questões abordadas no encontro Putin-Biden de 7 de Dezembro relativas à segurança da Federação Russa. «Tal diálogo é hoje uma necessidade urgente quando as relações entre a Rússia e o Ocidente continuam a decair e aproximaram-se de uma linha crítica», sublinha o documento.
Pôr fim à NATO
Num comunicado divulgado anteontem, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) manifesta a sua preocupação pela à evolução da «escalada de tensão da NATO face à Rússia e, neste contexto, os desenvolvimentos da situação na Ucrânia», reclamando a urgente adopção de «medidas capazes de reduzir, no imediato, a escalada militar e o perigo de confrontação, e de promoção do estabelecimento de medidas de confiança mútua que, a prazo, possibilitem o desanuviamento e a salvaguarda da paz».
Reafirmando o direito dos povos à paz e à soberania, o CPPC defende o «imediato fim da política de confrontação e cerco à Rússia» como fundamental para salvaguardar «a paz e a segurança na Europa e no mundo». Propondo, para o alcançar, que cesse a «ameaça de escalada de agressão das forças militares ucranianas no Donbass» e se encete o diálogo «com vista à resolução pacífica do conflito, no respeito dos acordos e compromissos anteriormente assumidos»; o fim da escalada de confrontação, da campanha belicista e das contínuas ameaças por parte da NATO, bem como das suas «provocações e manobras belicistas» junto às fronteiras da Rússia.
O CPPC salienta ainda a urgência de interrupção imediata dos «planos de instalação de sistemas de mísseis de curto e médio alcance e de outros armamentos de carácter ofensivo dos EUA na Europa» e do estabelecimento de garantias de segurança e de um processo de desanuviamento, no quadro dos princípios da Acta Final da Conferência de Helsínquia. O fim do alargamento da NATO e a dissolução deste bloco político-militar, «agressivo e principal responsável pela corrida aos armamentos e militarização que hoje varre o mundo», são outras medidas necessárias.