Comunistas norte-americanos denunciam deportação violenta de migrantes haitianos

O Par­tido Co­mu­nista dos Es­tados Unidos da Amé­rica juntou a sua voz à ampla de­núncia dos vi­o­lentos ata­ques per­pe­trados pela Pa­trulha de Fron­teira norte-ame­ri­cana contra mi­grantes hai­ti­anos na zona fron­tei­riça entre o Es­tado do Texas e o Mé­xico, bem como das de­por­ta­ções em massa or­de­nadas pela ad­mi­nis­tração Biden.

Os co­mu­nistas in­surgem-se contra os «fa­mi­ge­rados po­lí­cias de fron­teira pró-Trump» que pro­ta­go­ni­zaram um «feio in­ci­dente ra­cista» e foram há dias fo­to­gra­fados mon­tados a ca­valo e bran­dindo chi­cotes contra hai­ti­anos em busca de re­fúgio nos EUA. Di­versas or­ga­ni­za­ções la­bo­rais e de di­reitos civis têm de­nun­ciado o go­verno de Biden por pros­se­guir a po­lí­tica anti-imi­gração do ex-pre­si­dente Do­nald Trump, ao abrigo da qual está a ex­pulsar mi­lhares de mi­grantes do Haiti.

De­pois de atra­ves­sarem a fron­teira do Mé­xico com o Texas, os hai­ti­anos são de­tidos, en­quanto es­peram pela de­por­tação for­çada, que os «de­volve» à força ao país natal sem que lhes seja con­ce­dida a mí­nima opor­tu­ni­dade de se­quer so­li­citar asilo nos EUA, o que viola as leis in­ter­na­ci­o­nais.

A in­vo­cação da pan­demia de Covid-19 como des­culpa para as de­por­ta­ções, utli­zada pelas au­to­ri­dades norte-ame­ri­canas, é con­si­de­rada pelo Par­tido Co­mu­nista dos EUA «in­sen­sível, opor­tu­nista e no mí­nimo hi­pó­crita». Os co­mu­nistas en­tendem os ac­tuais epi­só­dios na fron­teira e as de­por­ta­ções em massa como «parte de uma longa tra­jec­tória de com­por­ta­mento abu­sivo em re­lação ao Haiti pelo im­pe­ri­a­lismo dos EUA» e também da França e e do Ca­nadá, países que de­sem­pe­nharam papel des­ta­cado nas in­ter­ven­ções mi­li­ta­ri­zadas no Haiti ao longo de anos.

Face aos re­centes in­ci­dentes na fron­teira sul, o Par­tido Co­mu­nista dos EUA exigiu o fim das de­por­ta­ções e a re­visão total das po­lí­ticas de po­li­ci­a­mento fron­tei­riço, de imi­gração e de asilo. E, a par destas e de ou­tras re­formas de po­lí­tica in­terna, de­fendeu uma «re­de­fi­nição com­pleta» da po­lí­tica ex­terna dos EUA, cri­ti­cando for­te­mente a im­po­sição de san­ções, a in­ter­fe­rência em elei­ções, os acordos ne­o­li­be­rais de «co­mércio livre» e o uso de força mi­litar nas re­la­ções com ou­tros países.

Mi­lhares de de­por­tados
Mais de três mil pes­soas foram já «de­vol­vidas» ao Haiti pelos EUA, por via aérea, desde que Washington ini­ciou as de­por­ta­ções em massa para «re­solver» a ac­tual crise mi­gra­tória na sua fron­teira sul.

Em Porto Prín­cipe, as au­to­ri­dades con­ta­bi­li­zaram, entre 19 e 27 deste mês, 3456 hai­ti­anos re­gres­sados, dos quais cerca de 30 por cento são cri­anças. O Fundo das Na­ções Unidas para a In­fância (Unicef) pre­cisa que duas em cada três pes­soas re­pa­tri­adas pelos EUA são mu­lheres ou cri­anças, al­gumas delas recém-nas­cidas.

A Or­ga­ni­zação In­ter­na­ci­onal para as Mi­gra­ções es­tima que es­tejam a chegar 400 pes­soas por dia, a mai­oria ao ae­ro­porto Tous­saint Lou­ver­ture, da ca­pital. Isto, apesar de as Na­ções Unidas terem ad­ver­tido que há pes­soas com ne­ces­si­dades sé­rias de asilo que podem estar em risco.

Para calar as crí­ticas, Washington anun­ciou um pro­grama de «ajuda» de 5,5 mi­lhões de dó­lares, que de­verá pro­por­ci­onar as­sis­tência aos mi­grantes hai­ti­anos re­pa­tri­ados.

 



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