Unidade e alerta constante pela Coelima e o emprego
Os trabalhadores, o Sindicato Têxtil e demais estruturas da CGTP-IN tencionam manter «a unidade na luta, a disponibilidade e alerta constante» para defender a Coelima e os postos de trabalho.
Esta insolvência merece investigação criminal, defende o sindicato
Esta posição foi realçada pela União dos Sindicatos do Distrito de Braga, numa nota sobre o plenário realizado a 31 de Maio, em frente da portaria principal da prestigiada fábrica de roupas de cama, em Pevidém (Guimarães), com centenas de trabalhadores.
Os cerca de 250 trabalhadores da Coelima estão numa situação provocada pela decisão da administração de apresentar a empresa à insolvência, a 14 de Abril, alegando quebra de vendas e não aprovação das candidaturas a apoios para fazer face às consequências da COVID-19.
A insolvência foi declarada a 22 de Abril, mas a 26 de Maio a administração anunciou que, afinal, não iria apresentar um plano de recuperação. No dia 28, foi apresentada uma proposta de compra da Coelima, por um consórcio com sede em Guimarães.
«Se não tivesse surgido esta proposta, hoje era o último dia da Coelima», disse à agência Lusa o coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes. No plenário, Francisco Vieira (trabalhador da Coelima desde 1968) considerou que esta insolvência é «um caso de polícia» e «merece uma investigação criminal», porque a administração, nos últimos dez anos, teve «o objectivo claro de matar a empresa». Manifestou-se «muito esperançado» numa solução e assegurou que os trabalhadores vão continuar a ocupar os seus postos de trabalho.
A União dos Sindicatos, cujo coordenador também interveio no plenário (tal como a coordenadora da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, de Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles), realçou que se trata da viabilidade de um «projecto industrial de continuidade e de grande qualidade», para «uma empresa de referência a nível mundial».
À boleia da epidemia
Isabel Camarinha, Secretária-geral da CGTP-IN, acusou a administração da Coelima de «querer aproveitar-se da pandemia», mas «nós não aceitamos isto». Além da união e da acção dos trabalhadores, admitiu o recurso a «todas as instâncias», incluindo a via judicial, para defender a viabilidade da empresa, fundada em 1922, e a preservação dos postos de trabalho.
A acusação de aproveitamento da crise sanitária seria comprovada no dia 4, sexta-feira, quando uma delegação da CGTP-IN foi recebida pelo secretário de Estado da Economia. Este, como disse à agência Lusa o coordenador do Sindicato Têxtil, revelou que o Governo não foi ouvido sobre a decisão de apresentar a Coelima à insolvência e não recebeu qualquer pedido de apoio relacionado com os impactos da COVID-19. «Ficou claro que essa narrativa, utilizada na acta e como fundamento para a apresentação da insolvência, não foi verdadeira», comentou Francisco Vieira.
Numa nota que publicou após a reunião, a CGTP-IN informou que «foi sublinhada a necessidade e a importância do acompanhamento e intervenção do Governo, no sentido de garantir que o caminho a ser seguido tenha em conta o que melhor serve os trabalhadores, a empresa, a região e o País: a continuidade da empresa e da sua produção».
«Os trabalhadores da Coelima e as suas estruturas representativas tudo farão para manter os postos de trabalho e garantir a continuidade de uma empresa de referência, com enorme prestígio nacional e internacional, construída por milhares de trabalhadores ao longo dos seus quase cem anos, que não pode ser destruída», declarou a confederação.
Na segunda-feira, dia 5, foi nomeada pelo tribunal a Comissão de Credores da Coelima, que inclui um representante dos trabalhadores. A urgência desta decisão tinha sido sublinhada, no dia 1, pelo administrador da insolvência.
Foram apresentadas três propostas de compra da empresa, assumindo-se em todas o objectivo de recuperar a Coelima, mantê-la em actividade e garantir os postos de trabalho hoje existentes.