No Chile, comunistas conquistam Santiago e obtêm bons resultados para a Constituinte

Depois das eleições para a Convenção Constituinte, municipais e para governadores (continuando a desenrolar-se estas últimas), que decorreram no fim-de-semana passado, o Chile apresenta um novo cenário político, caracterizado pelo triunfo das forças que reclamam mudanças profundas e se opõem ao governo de direita, chefiado pelo presidente Sebastián Piñera, verificando-se paralelamente o recuo dos partidos que o suportam.

Desta forma, o povo chileno ajustou contas com as forças conservadoras que dirigiram o país depois da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), sem mudar o modelo neoliberal consagrado pela Constituição de 1980, em vigor, acumulando desde então iniquidades cada vez mais profundas.

Nas eleições municipais, a direita perdeu comunas (municípios) emblemáticas nas regiões metropolitanas de Santiago e Valparaíso, as duas mais importantes do país, ao mesmo tempo que os comunistas e demais forças progressistas registaram importantes resultados: além da esperada vitória de Daniel Jadue, do Partido Comunista do Chile, em Recoleta – com 64% dos votos, para um terceiro mandato –, em Santiago, a capital, venceu Irasí Hassler, também comunista, que derrotou o conservador Felipe Alessandri, que tentava renovar o seu mandato. É a primeira vez que os comunistas vão governar o mais importante município do país. Irasí, de 30 anos, foi uma das líderes da revolta estudantil de 2011, era então militante da Juventude Comunista do Chile.

Nas comunas de Ñuñoa e Paipú, os candidatos da direita foram derrotados por candidatos da Revolução Democrática, um dos partidos integrantes da Frente Ampla, que congrega forças políticas aliadas do Partido Comunista do Chile na Aprovo Dignidade. Em Valparaíso, Macarena Ripamonti, da Frente Ampla, conquistou a comuna de Viña del Mar, tradicional feudo da direita.

No caso dos governadores regionais, por serem figuras novas que substituem os intendentes e que pela primeira vez são eleitos por voto popular, não há termo de comparação com eleições anteriores. Dos 16 governos regionais, apenas três foram decididos à primeira volta – Valparaíso (Frente Ampla), Aysén (Partido Socialista) e Magallanes (independente) – e os outros 13 vão à segunda volta, a 13 de Junho, havendo apenas um caso em que um candidato da direita segue com vantagem.

 

Comunistas na Constituinte

Para a Convenção Constituinte, que vai redigir a nova carta magna do Chile, no prazo de um ano, os resultados eleitorais traduzem uma clara derrota da direita, com a sua lista Vamos pelo Chile, a eleger 37 dos 155 constituintes, não atingindo um terço dos representantes da Convenção Constitucional, o que lhe permitiria vetar ou bloquear os seus trabalhos e o resultado. A lista dos partidos da chamada ex-Concertação (do chamado «centro-esquerda», a «social-democracia»), obteve 25 lugares.

Os candidatos independentes de A Lista do Povo, que tem origem nas grandes lutas populares que tiveram lugar no Chile, obtiveram o significativo resultado de 48 assentos. Superou igualmente todas as expectativas, com 28 eleitos, a lista Aprovo Dignidade, formada pelo Partido Comunista, Federação Regionalista Verde Social e as forças que integram a Frente Ampla.

Os povos originários tinham garantidos 17 lugares na Convenção Constitucional.

A Convenção Constitucional deverá ser instalada até Julho e, a partir daí, começará a redigir a nova lei fundamental do Chile, com um prazo de nove a 12 meses para apresentar o texto final, que será referendado em 2022. Aí estarão plasmadas, espera-se, as mudanças progressistas exigidas pela maioria dos chilenos.

Para Novembro estão previstas eleições para Presidente do Chile.




Mais artigos de: Internacional

Iván Duque declarou guerra à greve nacional na Colômbia

O presidente Iván Duque recusa-se a negociar e declarou guerra à greve nacional, «ao mandar colocar o máximo de forças militares e policiais nos locais de manifestação pacífica», afirmam os dirigentes do Comité Nacional de Greve na Colômbia.