Jovens comunistas pintam de vermelho as ruas de Vila Franca de Xira

A discussão, as conclusões e a aprendizagem não foram os únicos pontos altos do 12.º Congresso da JCP. No dia 16, domingo, os jovens militantes comunistas partiram para as ruas, em desfile, e encheram de cor a cidade de Vila Franca de Xira.

«Podem contar com os jovens comunistas todos os dias»

O 12.º Congresso da JCP não só foi demonstrativo do potencial organizador, transformador e reivindicativo e da disponibilidade da juventude portuguesa para a intervenção e a luta. Foi, também, testemunho da força da organização revolucionária da juventude – a Juventude Comunista Portuguesa.

Com o desfile, que partiu do Ateneu Artístico Vilafranquense e no qual participaram centenas de jovens, foi mesmo isso que ficou bem à vista de quem o quis ver: a alegria, determinação e combatividade da JCP e a força inesgotável de um Partido que assume a causa mais nobre de todas, a causa da libertação dos trabalhadores e dos povos de todas as formas de exploração e opressão.

Até o tempo ajudou. O céu cinzento, quase a adivinhar chuva, que acompanhou o dia e as horas anteriores ao desfile transformou-se subitamente, descobrindo um sol radioso que acompanhou os jovens ao longo de todo o percurso. Pouco passava do meio-dia quando se começaram a ouvir as primeiras palavras de ordem. «É Jota, é Cê, é JCP!», «Juventude Comunista, Marxista-Leninista!», «JCP, juventude do PC!», «Assim se vê a força do PC!», «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!», foram alguns dos cânticos entoados por centenas de vozes num rio de bandeiras vermelhas que se esticava, por vezes, ao longo de mais do que uma rua em simultâneo.

JCP ao lado do povo e o povo ao lado da JCP

Ao longo do percurso que terminou na Praça Afonso de Albuquerque, foram muitas as pessoas que saíram à rua ou às janelas para saudar os jovens comunistas inseridos no corpo do desfile. Numa varanda, chegou-se mesmo a ver uma faixa que desejava força ao 12.º Congresso da JCP e ao seu lema «Mil Lutas no Caminho de Abril». Dessa mesma varanda choveram cravos de Abril sobre os jovens que fizeram suas – e dos seus valores – as ruas daquela cidade, também ela repleta de memórias de luta e resistência.

Mais à frente, a delegação do PCP que acompanhou os trabalhos das várias sessões do Congresso, na qual se incluía João Frazão, Paulo Raimundo e Ricardo Costa, membros dos organismos executivos do Comité Central, e o Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, saudava o desfile.

Já a meio da Rua Alves Redol, vários militantes da organização concelhia de Vila Franca de Xira esperavam também, de cravos na mão prontos para serem oferecidos, aos jovens que já se aproximavam do fim do desfile.

JCP não arredou, nem arredará pé

Concentrados na praça da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, os jovens ouviram com atenção o conteúdo da moção Saudação à luta da juventude, apresentada por Inês Guerreiro, entretanto eleita para a Comissão Política da JCP.

«Orgulhamo-nos de ter construído um Congresso intrinsecamente ligado à luta da juventude, e, com o contributo de milhares de jovens, de sermos capazes de fazer uma caracterização da vida – da nossa vida, da dos nossos colegas, amigos ou vizinhos», foi anunciado logo ao início. «Há muito nos dizem que a juventude não se mexe, que a juventude está conformada e os tempos são outros», afirmou a jovem dirigente. «Não, nós ouvimos o que os jovens têm para dizer, e a juventude gritou bem alto. Por todo o País, com coragem, firmeza e confiança, com a responsabilidade de quem sabe que ficar parado nunca foi opção, lutamos e provamos que é possível defender e conquistar direitos», acrescentou. Pelo contrário, a chama da luta da juventude está bem acesa.

Todas as lutas travadas são «inseparáveis dos resultados, dos avanços e das conquistas que temos conseguido e que, mais cedo que tarde, nos trarão novas vitórias», sublinhou ainda a dirigente da JCP.

Entre vivas e mais palavras de ordem, os jovens comunistas ali reunidos decidiram, por unanimidade, saudar todos os jovens que incorporam as fileiras da luta; apelar ao reforço e organização da luta, em torno da defesa dos direitos que o povo português conquistou e por outras conquistas inadiáveis; e proclamar que, pela concretização dos seus sonhos e aspirações, por uma vida melhor e mais justa, não há dúvidas: a solução para os problemas da juventude é a luta organizada e transformadora.

Um ideal justo e mobilizador

O Centenário do PCP, que este ano se comemora, foi o tema de uma moção apresentada ao 12.º Congresso da JCP, que a aprovou por unanimidade. Aí destaca-se os «100 anos de um partido que esteve sempre ao lado dos trabalhadores, dos jovens e do povo», nos duros anos da luta antifascista como nos exaltantes tempos da revolução e na defesa e afirmação dos valores de Abril. Para os jovens comunistas, «este é o partido da juventude! E é ele o legítimo herdeiro e continuador das melhores tradições de luta e das realizações progressistas e revolucionárias do povo português. O Futuro tem Partido!»

A mesma votação obteve a outra moção, relativa à luta pela paz. Considerando a exploração, a opressão e a guerra inerentes ao sistema capitalista, a JCP expressa a sua «profunda solidariedade com a juventude e os povos que se erguem em defesa da sua soberania e que resistem às ingerências e agressões do imperialismo» e com os jovens que «não aceitam que o capitalismo seja o final da história». Aos comunistas e demais forças progressistas e anti-imperialistas atribuem a tarefa de «promover a unidade e a convergência na luta face ao inimigo comum, o imperialismo norte-americano e os seus aliados».

 

Jovens comunistas portugueses não estão sós

As restrições decorrentes da pandemia de COVID-19 não permitiram a presença no Congresso do habitual número de convidados, nomeadamente internacionais. O que não significou, no entanto, a ausência da solidariedade fraterna de muitas organizações de outros países que, com a JCP, partilham valores e lutas comuns.

Ao todo, foram cerca de 40 as organizações de jovens comunistas, democratas, progressistas e anti-imperialistas de vários pontos do mundo que enviaram saudações ao 12.º Congresso, algumas delas exibidas em vídeo. Pelo momento concreto em que se vive, foi particularmente emotiva a mensagem enviada a partir da Palestina.

O presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), Aritz Rodríguez, pôde acompanhar a discussão congressual dos jovens comunistas portugueses o que, como afirmou ao Avante!, constituiu para ele uma excelente oportunidade para aprofundar o conhecimento acerca da realidade da juventude em Portugal. «Para a FMJD todos os congressos e até eventos do dia-a-dia de todas as suas organizações são fundamentais, e a JCP é uma das organizações que mais partilha os fundamentos e os principais ideais defendidos pela FMJD», afirmou.

Relembrando o que Álvaro Cunhal escreve em O Partido com Paredes de Vidro, Aritz sublinhou que «a luta nos nossos países é a melhor contribuição que podemos dar à causa da libertação dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo» e que «as nossas tarefas nacionais e a luta internacional são complementares e não as podemos separar».

O Presidente da FMJD mostrou ainda confiança de que depois do seu 12.º Congresso, a JCP teria uma ainda melhor análise para conseguir desempenhar a tarefa de lutar pela paz, pelo progresso e contra o imperialismo.

 

Alguns testemunhos...

«Aprendi que, em unidade, num propósito comum e justo, podemos efectivamente fazer a diferença e por isto estarei eternamente grata.»

Giovanna Carvalho, 23 anos, estudante universitária


«Têm medo dos ajuntamentos, mas há turmas com 32 alunos, como é o caso da minha, em que nem um metro de distância há entre mesas»

Diogo Martins, estudante da Escola Secundária Camilo Castelo Branco, Vila Real


«Fizemos um abaixo-assinado e avançámos, denunciámos e continuamos a denunciar. Sabemos bem que são precisos mais funcionários»

Lisandra Ferreira, estudante da Escola Secundária de Ponte de Sor


«A privatização dos serviços universitários e a consequente subida de custos dos mesmos. (…) A privatização das cantinas que assim deixou de garantir uma refeição a baixo custo aos estudantes»

Daniela Machado, estudante da Universidade da Beira Interior


«Deixem-nos viver para além da escola, tirando o excesso da carga horária»

Patrícia Beja, estudante da Escola Secundária André de Gouveia, Évora


«Na residência de estudantes feminina de Caldas da Rainha há faltas constantes de água, internet, aquecimento (…)»

Margarida Patrocínio, estudante da Escola Superior de Artes e Design do Politécnico de Leiria


«Muitas das horas que os estafetas trabalham não são remuneradas. Nós passamos horas circulando em busca de áreas com maior demanda, sem receber, muitos estafetas às vezes saem do Porto e vão até à Maia, à Trofa, a Paredes, a Espinho, gastando o seu tempo e seu dinheiro na esperança de surgir algum pedido pois só somos pagos quando fazemos uma entrega»

João Faya, estafeta, Porto





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