100 Anos de Luta em imagens
Neste livro, as imagens têm forte presença e significado
O livro 1921-2021/100 Anos de Luta está organizado por anos que balizam a história do PCP desde a sua fundação até aos dias de hoje. Uma persistente e heróica história sempre na defesa das liberdades e da democracia. Sempre tendo por horizonte a luta contra a exploração capitalista e a desumanização que lhe é intrínseca.
Uma luta que, nas diversas conjunturas históricas em que se desenrolou e continua a desenrolar tem o objectivo de implantar uma sociedade socialista onde a exploração do homem pelo homem seja abolida. Uma luta que, sem alienar os princípios do marxismo-leninismo, do internacionalismo proletário e da solidariedade internacionalista, se tem feito e continua a fazer com autonomia e independência, o que caracteriza e define o Partido Comunista Português, o seu continuado trabalho político patriótico e de esquerda. Um caminho complexo de avanços e recuos, que não é nem poderia ser linear mas que nunca perdeu o norte nos amplos e fortes debates internos que a vão definindo e que estão impressos neste livro que a sumaria.
Um livro em que as imagens tem forte presença e significado. Para quem atentamente as percorre há uma evidência reveladora das condições em que essa luta foi e é travada. Tem uma linha divisória que é o 25 de Abril. A clandestinidade obrigava a cuidados conspirativos de defesa contra a brutal repressão policial do fascismo-salazarista e do salazarismo-fascista sem Salazar.
Não existe uma única fotografia de reuniões dos quadros comunistas e dos quadros comunistas clandestinos com os seus militantes que viviam legalmente. Dos congressos imagens de algumas das casas em que se realizaram. Fotografias sem data, provavelmente obtidas já em tempo de liberdade. O mesmo para algumas das casas onde viveram funcionários clandestinos do Partido. Nenhuma fotografia do seu interior, que a ser realizada não seria certamente da altura em que estava habitada por alguém que ocultava a sua verdadeira identidade.
De todas essas mulheres e homens fotografias de algumas fichas policiais – só as fichas policiais dos militantes comunistas presos, alguns acumulando várias, daria um livro tão grosso como este – uma galeria com fotos dos muitos que heroicamente foram assassinados pela polícia política, outras que ilustram e representam alguns das centenas de quadros que trabalharam nas duras condições da clandestinidade de 48 anos de luta.
Nas fotografias que ilustram este livro não há uma desses subterrâneos onde se forjavam greves, manifestações e outras acções muitas das que se desenvolviam com forças democráticas nas limitadíssimas frinchas de legalidade condicionada. Toda uma história da vasta persistente e com as mais diversificadas formas de resistência, das unitárias às armadas, em que está impressa presença do Partido Comunista Português, o seu pilar nuclear. Um pilar construído dia a dia por mulheres e homens que os viviam intensamente com as suas vidas verdadeiras ocultas para se apagarem, para não se distinguirem dos que os rodeavam nos quotidianos das cidades, nas vilas, nas aldeias onde os quadros revolucionários procuravam subsistir escapando à vigilância policial, dos carrascos e dos seus informadores.
É essa a maior evidência do que se poderá chamar de fotobiografia da revolução que ilustra os textos em que sumariam cem anos do único partido que resistiu e não se deixou vencer pelos ventos da história e que, hoje como ontem, não desiste de lutar por uma sociedade outra em que o homem se possa afirmar na sua plenitude.