A agressão permanente
Integrada numa notícia breve sobre a situação no Médio Oriente, mais exactamente sobre o conflito israelo-árabe que se tornou o tristíssimo ex-libris político da região, os telespectadores puderam ver há poucos dias a imagem de um enorme edifício a tombar em bloco como que numa síntese simbólica do estado a que a região chegou na sequência do apoio norte-americano ao governo de Telavive. A situação, como bem se sabe mas poucas vezes é confirmado pelos «media», é que ocorre ali um caso de agressão ininterrupta contra as populações locais: não é apenas a implementação de um estado ali instalado ao abrigo de invocadas tradições históricas que enormes tragédias protagonizadas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial vieram reforçar, é também o efeito da acção dos Estados Unidos que, geograficamente distantes mas muito interessados na região do Médio Oriente e no petróleo que por lá abunda, usam Israel como uma espécie de sua testa-de-ponte para estarem presentes. Há uns anos, aconteceu o chamado Acordo de Oslo que previa a instalação na zona de dois estados conviventes e pacíficos, mas os acordos que sequer de longe estejam em desacordo com as intenções norte-americanas nem valerão o papel em que forem escritos, e é de crer que este seja mais um.
Exigência
Não é necessária enorme argúcia, muito menos a existência prévia de convicções políticas, para entender que as populações árabes que vivem na região desde muito antes da criação do Estado de Israel em meados da década de 40 têm toda a legitimidade para ali continuarem. Ainda assim, aconteceu que alguma parte dessa população árabe foi compelida a partir, mas talvez devamos considerar encerrado esse triste momento da história local. De qualquer modo, a situação actual é outra: trata-se não só de assegurar viabilidade aos estados árabes da zona, reconhecendo o seu direito incontestável à existência sem prejuízo da manutenção de Israel, e do mesmo passo injectar ali, finalmente, um clima pacificado e estável que de todo tem faltado. Adivinha-se, sabe-se, que a questão não é fácil, mas também se adivinha e sabe que não há alternativa à busca de uma solução para ela. Para tanto, os Estados Unidos terão de abdicar da sua curiosa vocação colonialista para o Médio Oriente e cancelar a utilização de Israel em seu proveito.