Gastos militares aumentam em ano de pandemia

As despesas militares mundiais continuaram a sua progressão em 2020, atingindo quase dois milhões de milhões de dólares, segundo um relatório do SIPRI (Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz), com sede em Estocolmo, publicado a 26 de Abril.

Estas despesas elevaram-se assim no ano passado a 1,9 biliões de dólares em todo o mundo, um crescimento de 2,6% em 12 meses. No mesmo período, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial diminuiu 4,4%, sobretudo devido aos efeitos económicos da pandemia de COVID-19. Em 2019, as despesas militares (então com uma alta de 2,2%) já tinham atingido o seu nível mais elevado desde o fim da Guerra Fria, no começo da década de 90 do século XX.

Segundo Diego Lopes da Silva, co-autor do relatório do SIPRI, se se podia ter pensado que os gastos belicistas mundiais iam diminuir em resultado da pandemia, é hoje possível «concluir com uma quase certeza que a COVID-19 não teve efeitos significativos nas despesas militares, pelo menos em 2020». O facto de as despesas militares terem continuado a crescer, num ano marcado por um abrandamento económico, significa que o «fardo militar» – a parte das despesas militares no PIB – também aumentou. Esta parte cresceu a nível mundial de 0,2% há um ano para 2,4%. Trata-se do mais forte aumento anual desde a crise financeira de 2009.

No ano passado, 12 dos 29 Estados membros da NATO consagraram pelo menos 2% do seu PIB às forças armadas – objectivo fixado pela organização –, contra apenas nove em 2019. O maior orçamento militar continua a ser, de longe, o dos Estados Unidos da América, que o aumentaram 4,4% em 2020, para 778 mil milhões de dólares, o que representa 39% das despesas mundiais. Diego Lopes da Silva sublinha que a nova administração dos EUA, com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, «não tinha dado nenhuma indicação de que ia reduzir as despesas militares».

Nesta matéria, os cinco países mais gastadores em 2020, que representam em conjunto 62% das despesas militares no mundo, são os EUA, a China, a Índia, a Rússia e o Reino Unido, por esta ordem.





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