Revolução socialista cubana garante continuidade histórica
O 8.º Congresso do Partido Comunista de Cuba, que decorreu em Havana entre os dias 16 e 19, com 300 delegados em representação de mais de 700 mil militantes, reafirmou o rumo socialista da revolução, actualizou as orientações para o desenvolvimento do país e as medidas para o reforço orgânico do Partido, incluindo da sua política de quadros e do fortalecimento da sua ligação às massas.
Miguel Díaz-Canel eleito primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba
A Revolução socialista cubana está firme e actuante, afirmou Miguel Díaz-Canel, novo primeiro secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (PCC). O também Presidente da República de Cuba discursava na segunda-feira, 19, na sessão de encerramento do 8.º Congresso do PCC. Para além do primeiro secretário, o recém-eleito Comité Central do PCC elegeu igualmente o Bureau Político e o Secretariado.
Díaz-Canel sublinhou que o conclave é um marco histórico para a continuidade do processo revolucionário e enalteceu o trajecto e o desempenho do general do Exército Raúl Castro, que terminou o seu mandato como primeiro secretário do PCC. «Será consultado sobre as decisões estratégicas com maior peso para o destino da nação, estará sempre presente, mantido a par de tudo», assegurou o dirigente, que agradeceu a Raúl «pelo exemplo e empenho, pela força, pela confiança e por nos ajudar a acreditar em nós mesmos».
Uma obra heróica
O primeiro secretário do PCC realçou ainda, no seu discurso, que o que recebe «não são cargos e tarefas, é uma obra heróica e descomunal». Acrescentou que a geração representada por Fidel e Raúl Castro «pode afirmar que a revolução não acaba com ela», pois formou novas gerações que agora darão continuidade ao processo revolucionário.
«Esta história resume-se em povo e unidade, o que é dizer Partido», disse. E enfatizou que a revolução transformou Cuba com justiça social, independência e soberania, face ao acosso e às agressões dos EUA, que se encontram apenas a 90 milhas de Cuba.
Miguel Díaz-Canel, nascido há 61 anos na província de Villa Clara, engenheiro electrotécnico, que ocupou diversas responsabilidades nas Forças Armadas, no Estado e no Governo, é o novo líder do PCC, responsabilidade que acumula com a de presidente da República de Cuba.
É o primeiro dirigente cubano que assume as mais altas responsabilidades do Partido e do Estado que não pertence à geração histórica que protagonizou o processo revolucionário sob a direcção de Fidel Castro e, depois, de Raúl Castro.
Na sua intervenção já como primeiro secretário do PCC Díaz-Canel afirmou-se como continuador da Revolução e defensor do modelo de desenvolvimento socialista.
Construir o socialismo
O 8.º Congresso aprovou resoluções que definem o rumo e a acção do PCC para o período de 2021-2026. Estabelecem de igual modo orientações e medidas para enfrentar os impactos da crise global do capitalismo, os efeitos da pandemia de COVID-19 e o recrudescimento do bloqueio imposto há seis décadas pelos EUA, o qual Díaz-Canel qualificou como crime contra Cuba.
Entre as resoluções aprovadas, destaca-se a que avalia a implementação das directizes da política económica e social do Partido e da Revolução desde o 6.º Congresso e as actualiza para o período de 2021-2026. No quadro do processo de actualização do modelo económico e social cubano de desenvolvimento socialista, aponta o propósito de construir uma sociedade que perspectiva uma nação soberana, independente, socialista, democrática, próspera e sustentável. Reconhece a propriedade socialista de todo o povo sobre os meios fundamentais de produção como forma principal do sistema sócio-económico.
Ao mesmo tempo, inclui e pronuncia-se por diversificar outras formas de propriedade e gestão «adequadamente inter-relacionadas». E assinala a elevação do nível e da qualidade de vida como objectivo prioritário permanente, com ênfase na segurança alimentar e energética, na educação e saúde.
O fórum máximo dos comunistas cubanos aprovou igualmente outras importantes resoluções, designadamente sobre o funcionamento, o trabalho ideológico e o vínculo com as massas do Partido e sobre a política de quadros.
Na história
O 8.º Congresso do PCC terminou no dia em que se comemorou o 60.º aniversário da vitória das forças revolucionárias cubanas, comandadas por Fidel, nas areias da Praia Girón, contra invasores mercenários armados, financiados e organizados pelos EUA, uma vitória que foi antecedida pela declaração do carácter socialista da Revolução cubana, protagonizada por Fidel Castro, seu dirigente histórico. Tal como estes importantes acontecimentos, o 8.º Congresso do PCC ficará na história como o da afirmação da continuidade da Revolução.
Mensagem do PCP ao PCC
«Exemplar resistência da Ilha da Liberdade»
Saudando a realização do 8.º Congresso do PCC, o Comité Central do Partido Comunista Português enviou ao Comité Central do Partido Comunista Cubano uma mensagem onde, entre outros aspectos, considera que as decisões deste Congresso se revestem «de uma grande importância não apenas para o povo cubano, na sua corajosa luta em defesa da sua revolução socialista e da soberania e independência de Cuba, mas também para os povos da América Latina e Caraíbas e de todo o mundo» e que «a exemplar resistência da Ilha da Liberdade à continuada e sofisticada agressão do imperialismo norte-americano, que conta com o apoio cúmplice dos seus aliados, para tentar asfixiar a revolução cubana, e os sucessos alcançados na exigente construção da nova sociedade, constitui um poderoso estímulo à luta libertadora dos comunistas e das demais forças anti-imperialistas».
O PCP salienta que «num contexto internacional em que o imperialismo desenvolve uma violenta ofensiva exploradora e agressiva contra os trabalhadores e contra os povos que lhe resistem, e em que a actual situação, nomeadamente com a pandemia, torna ainda mais evidente a natureza desumana e criminosa do capitalismo e a exigência da sua superação revolucionária, Cuba constitui um poderoso exemplo da superioridade social e moral do socialismo».
A mensagem realça ainda que «a história do PCP, cujo centenário estamos a comemorar, e a história do movimento comunista, mostram que há sólidos motivos para ter confiança na possibilidade de vencer o imperialismo e as forças reaccionárias e avançar no caminho da liberdade, da paz, do progresso social» e que o «caminho que será trilhado com o fortalecimento da unidade do movimento comunista e revolucionário internacional e da frente anti-imperialista».
O PCP reafirma a firme condenação «do criminoso bloqueio imposto pelos EUA a Cuba» e a activa «solidariedade para com a acção dos comunistas e do povo cubano em defesa da sua revolução socialista, da sua pátria e do direito a construir o seu próprio destino».