MUSP reclama PART em todo o País
O Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) considera que é urgente investir nos transportes públicos (urbanos, suburbanos, regionais e inter-regionais), numa perspectiva de cobertura do território nacional.
Implementação de uma rede de transporte público democrática
Só assim se poderá desenvolver o interior do País e descongestionar as áreas metropolitanas, numa visão de integração e de complementaridade dos diferentes meios de transporte. Neste sentido, o MUSP defende que o Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) seja alargado a todo o território nacional, garantindo o mesmo tarifário e condições de acesso, de Bragança a Faro.
Para os utentes «não faz sentido haver vários pesos e medidas em diferentes pontos do País». «A realidade mostra-nos que nas grandes áreas metropolitanas, por opções inquinadas pela sede do lucro e de negociata em torno da contratação pública, temos uma rede de transportes gerida por operadores a quem foi concessionado o serviço público, que efectivamente não serve as populações em horários, conforto, qualidade e segurança. E que, logo que nos afastamos alguns quilómetros dessas grandes urbes, verificamos que começa a escassear ainda mais a frequência dos transportes públicos, mesmo intra-municipais, subsistindo freguesias em que a população é privada do seu direito à mobilidade fora dos períodos em que funciona o transporte escolar», refere o MUSP, em nota de imprensa divulgada no passado dia 30 de Março.
Plano insuficiente
Relativamente ao anúncio de apoio à aquisição de 325 autocarros e de quatro navios para o transporte fluvial, o Movimento considera que o presente Plano de Recuperação e Resiliência, sendo uma boa notícia, «não é o suficiente para corresponder à visão estratégica que o País necessita». São também necessárias composições no serviço da CP, nas linhas urbanas, sub-urbanas e regionais, mas também a criação de novas linhas e a recuperação de outras, quase abandonadas.
A diferentes velocidades
O MUSP considera «paradigmático» que o PART continue a «diferentes velocidades em território nacional», com as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto com diferentes critérios e apoios, e as comunidades intermunicipais a financiarem algumas ligações, mas sem promoverem a criação de novas carreiras para dar resposta às necessidades das populações.
«O transporte público desempenha um papel determinante na sociedade e economia. A qualidade de vida na cidade depende de um sistema de transporte público eficiente, acessível e de qualidade. Sendo fundamental que o sistema vá para lá das cidades litorais e das centralidades do interior do País, de modo a potenciar o desenvolvimento regional», acentua o movimento.