Rússia adverte NATO sobre tropas na Ucrânia

A Rússia advertiu que tomará «medidas adicionais» para defender as suas fronteiras, se a NATO deslocar tropas para a Ucrânia. A situação na região de Donbass foi abordada também em conversações entre os líderes da Rússia, França e Alemanha.

Rússia adoptará medidas necessárias para garantir a sua segurança

Lusa

Moscovo avisou que não ficará de braços cruzados no caso de a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) enviar tropas para a Ucrânia, o que «provocaria um novo aumento de tensões perto das suas fronteiras». Uma tal decisão «exigirá medidas adicionais por parte da Rússia para garantir a sua segurança», declarou, no dia 2 de abril, Dmitri Peskov, porta-voz do presidente da Rússia.

Antes, o ministro da Defesa ucraniano, Andrei Tartán, emitiu um comunicado sobre a conversa, a 1 de Abril, com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin. Este transmitiu a «posição proactiva dos EUA em apoio à soberania e aos passos para restaurar a integridade territorial da Ucrânia», um eufemismo para camuflar a política dos EUA de utilizarem a Ucrânia como peão, senão mesmo carne para canhão, na sua estratégia de confrontação contra a Rússia. Os EUA «não deixarão a Ucrânia só» perante aquilo que hipocritamente designam de «escalada da agressão da Rússia», garantiu o ministro de Kiev, que acusa Moscovo de anexar a Crimeia e apoiar os movimentos de resistência na região de Donbass, no Leste da Ucrânia, onde se registaram novos episódios de violência, omitindo as graves responsabilidades e os crimes cometidos pelas autoridades ucranianas, em conluio com os grupos fascistas e com o apoio dos EUA e da UE, contra o povo do seu próprio país.

Por sua parte, o porta-voz do Kremlin reiterou que a percepção da Rússia como inimigo e adversário é inadmissível, já que a Rússia «não ameaça, nem nunca ameaçou, ninguém», baseando a sua política neste princípio. Peskov também assinalou que a retórica de Kiev sobre o Donbass é completamente fictícia. «Não confundimos desejos com a realidade. A realidade na linha de contacto é bastante aterradora, ali têm lugar provocações por parte das forças armadas da Ucrânia e não são casos isolados», afirmou.

A situação em Donbass agravou-se em 26 de Março, quando próximo de Shumy morreram quatro militares ucranianos. Kiev responsabilizou pelo incidente os efectivos da autoproclamada República Popular de Donetsk. Os representantes desta entidade negaram qualquer implicação e, mais tarde, informaram que os militares ucranianos pisaram um explosivo durante uma inspecção a um campos de minas.

No que diz respeito à Crimeia, as autoridades russas recordam que a sua incorporação no país é legítima, argumentando que em 2014 se realizou um referendo na península que contou com 80 por cento de participação e no qual a população se pronunciou a favor da «reunificação» com a Rússia.

Putin, Merkel e Macron
falaram sobre Ucrânia

Os presidentes da Rússia e França e a chanceler da Alemanha reuniram-se, por videoconferência, no dia 30, e, entre outros assuntos, abordaram a situação na Ucrânia.

Putin alertou para a escalada militar na região de Donbass, por parte de Kiev, e manifestou preocupação sobre a possibilidade de os confrontos provocarem uma guerra civil no país.

Putin, Merkel e Macron deixaram claro que a Ucrânia deve cumprir os Acordos de Minsk para resolver o conflito, algo que contradiz a posição do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, que os rejeita e exige a assinatura de novos compromissos.

Por outro lado, na segunda-feira, 5, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguéi Riabkov, informou que Moscovo e Washington mantêm um «diálogo de alto nível» sobre a situação no Leste da Ucrânia.

«Estamos em contacto com os norte-americanos. Isto acontece a um alto nível. Eles expressaram-nos a sua preocupação», disse Riabkov, segundo a agência Tass. E considerou que os Estados Unidos da América não devem preocupar-se com o que a Rússia faz, mas sim com o comportamento «inaceitável» de Kiev, que desrespeita o conjunto de medidas consensualizadas em Minsk e «rejeita estes acordos de uma maneira cada vez mais desafiadora».




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