Desemprego no Algarve regista aumento superior a 60 por cento
EMERGÊNCIA O total de desempregados contabilizados no Algarve cresceu brutalmente nos últimos meses, alerta o PCP, para quem a situação «exige o reforço de medidas que protejam os direitos dos trabalhadores e as actividades económicas».
«Esta é uma realidade que resulta, em primeiro lugar, do modelo de desenvolvimento que tem sido imposto à região, assente na monoactividade do turismo e de progressivo abandono das actividades produtivas, e num modelo de baixos salários e precariedade», realça a Direcção da Organização Regional do Algarve (DORAL) do PCP, que lembrando que o desemprego real será certamente superior aos números registados oficialmente, uma vez que, por razões diversas, nem todos se encontram inscritos nos centros de emprego, adverte que, no final de Dezembro do ano passado, o crescimento da desocupação forçada ascendia a 60,8 por cento.
Este é «um aumento superior à média nacional, que registou um agravamento de 29,6 por cento», prossegue a DORAL em nota divulgada segunda-feira, 25, na qual alerta, igualmente, que «o Algarve é também a região do País onde os trabalhadores emigrantes assumem um maior peso no total de inscritos nos centros de emprego, representando já 27,8 por cento». Isto é, «quase o triplo do verificado no País».
«Em Fevereiro serão conhecidos os dados do Instituto Nacional de Estatística, que nos irão trazer uma visão mais próxima da realidade no que diz respeito ao desemprego», acrescenta-se no texto. Contudo, a informação disponível, designadamente quanto à incidência do desemprego por ramo de actividade, permite afirmar que a «evolução da situação epidémica, com a suspensão de inúmeras actividades, está a empurrar o Algarve para valores de desemprego que se estão a aproximar dos 20 por cento em termos reais».
«É neste quadro que se exige o reforço de medidas que protejam os direitos dos trabalhadores e as actividades económicas, particularmente as que são assumidas pelas micro, pequenas e médias empresas», considera ainda a DORAL, que recorda que «foi nesse sentido que, pela intervenção do PCP, se assegurou, na discussão do último Orçamento do Estado (OE 2021), o prolongamento por 6 meses do subsídio de desemprego para todos os trabalhadores, bem como, o pagamento dos salários a 100 por cento para os trabalhadores em situação de lay-off».
«Foram também inscritas [no OE 2021] medidas de apoio às MPME que precisam de ser concretizadas, impedindo que se continuem a excluir empresas como tem acontecido e, sobretudo, assegurando a rapidez na chegada dos apoios públicos», continuam os comunistas algarvios, que insistem que «a actual situação está a revelar a absoluta necessidade de alterar o modelo de desenvolvimento que tem sido imposto à região: apoiando a actividade produtiva e diversificando a actividade económica; valorizando os salários e combatendo a precariedade; promovendo os serviços públicos; reforçando o investimento público na Saúde, na Educação, nos transportes, na habitação».