2021 começa da pior maneira para os pequenos e médios agricultores

ALERTA De­pois de um ano de 2020 bas­tante di­fícil para os agri­cul­tores, as pers­pec­tivas para 2021 são tudo menos po­si­tivas. A CNA re­clama a con­cre­ti­zação do Es­ta­tuto da Agri­cul­tura Fa­mi­liar.

O pro­blema é ainda mais grave do que em 2020

«O novo con­fi­na­mento obri­ga­tório veio, mais uma vez, en­cerrar uma das prin­ci­pais fontes de es­co­a­mento da pro­dução da Agri­cul­tura Fa­mi­liar. Tal como em Março do ano pas­sado, hoje muitos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores não estão a con­se­guir vender o que pro­duzem», alerta a Con­fe­de­ração Na­ci­onal da Agri­cul­tura (CNA), em nota di­vul­gada no pas­sado dia 20, dando como exemplo os pro­dutos de carne, mas também a pro­dução de hor­tí­colas.

«O pro­blema é ainda mais grave do que no pri­meiro con­fi­na­mento em 2020, já que a si­tu­ação fi­nan­ceira de muitos agri­cul­tores é agora mais débil, apesar de a mi­nistra da Agri­cul­tura con­ti­nuar a in­sistir na já velha “pro­pa­ganda dos mi­lhões”, quando o con­junto de me­didas de­cre­tadas pelo Mi­nis­tério da Eco­nomia não se adapta ao sector e muito menos à Agri­cul­tura Fa­mi­liar», cri­tica a CNA, adi­an­tando que o «con­trolo da pan­demia» é «ur­gente e ne­ces­sário», mas o Go­verno «não pode ig­norar os pro­blemas que daí advêm à Agri­cul­tura na­ci­onal, que con­ti­nuou e con­tinua sempre a tra­ba­lhar para ali­mentar o nosso País».

Pro­grama de apoio
Nesse sen­tido, a Con­fe­de­ração propõe e re­clama que o Mi­nis­tério da Agri­cul­tura crie um pro­grama de apoio aos agri­cul­tores, que equa­cione «re­a­plicar todas as me­didas de sim­pli­fi­cação de re­gras em vigor du­rante o ano de 2020», «prever, desde já, a an­te­ci­pação do pa­ga­mento de todas as ajudas di­rectas, me­didas agro-am­bi­en­tais e me­didas de apoio às zonas des­fa­vo­re­cidas», «criar uma me­dida de apoio pela perda de ren­di­mento dos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores, apro­vei­tando a margem de ma­nobra per­mi­tida pela União Eu­ro­peia no âm­bito da ajuda de mi­nimis», «exe­cutar um pro­grama de compra de pro­dutos lo­cais para o abas­te­ci­mento de can­tinas pú­blicas», «prever a cri­ação de me­didas de re­ti­rada de pro­dutos, para os sec­tores mais pre­ju­di­cados» e «repor a “elec­tri­ci­dade verde” para o valor a in­cidir sobre a to­ta­li­dade da fac­tura (termo fixo e con­sumo)».

Por úl­timo, a CNA con­tinua a re­clamar a con­cre­ti­zação do Es­ta­tuto da Agri­cul­tura Fa­mi­liar, «me­ca­nismo que se es­ti­vesse já em apli­cação con­creta po­deria fazer toda a di­fe­rença no apoio aos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores».

«Este con­fi­na­mento, sendo geral, não é total, na me­dida em que mi­lhares de pes­soas con­ti­nuam a tra­ba­lhar», lembra a Con­fe­de­ração, que di­rige uma sau­dação «muito es­pe­cial» a todos os tra­ba­lha­dores e aos agri­cul­tores «que se mantêm nos campos, de­ter­mi­nados em as­se­gurar a pro­dução na­ci­onal».

Cons­ti­tuída a AVA­DOU­RI­ENSE

Já foi cons­ti­tuída a As­so­ci­ação dos Vi­ti­cul­tores e da Agri­cul­tura Fa­mi­liar Dou­ri­ense (AVA­DOU­RI­ENSE), en­tre­tanto fi­liada na CNA, uma es­tru­tura que pre­tende agregar e re­pre­sentar a re­a­li­dade da agri­cul­tura fa­mi­liar nos mais de dez mil pro­du­tores agrí­colas da Re­gião De­mar­cada do Douro.

O ar­ranque das ac­ti­vi­dades da AVA­DOU­RI­ENSE dá-se num pe­ríodo par­ti­cu­lar­mente di­fícil para a agri­cul­tura du­ri­ense, «pois as di­fi­cul­dades no es­co­a­mento da pro­dução e no ren­di­mento dos agri­cul­tores e suas fa­mí­lias viram-se bas­tante agra­vadas com a pan­demia». «Di­fi­cul­dades que não en­con­tram na po­lí­tica deste Go­verno e desta mi­nistra da Agri­cul­tura a res­posta que se exigia, antes pelo con­trário», ad­verte a as­so­ci­ação, sa­li­en­tando que «a pan­demia não pode servir de pre­texto para con­cen­trar pro­blemas na Re­gião De­mar­cada do Douro».

Nesse sen­tido, apela-se ao Exe­cu­tivo PS e aos de­mais ór­gãos de so­be­rania que «sejam im­ple­men­tadas e con­cre­ti­zadas me­didas que per­mitam aos pro­du­tores du­ri­enses manter a pro­dução e sal­va­guardar os seus ren­di­mentos». «Con­ver­gimos na exi­gência da plena con­cre­ti­zação da Lei n.º 73/​2019, em par­ti­cular, na exi­gência da con­cre­ti­zação do pro­cesso elei­toral para a Casa do Douro, sem mais des­culpas, sem fun­da­mento ou ou­tros ex­pe­di­entes atrás dos quais o Go­verno es­conde as suas in­ten­ções», su­blinha a AVA­DOU­RI­ENSE, acres­cen­tando: «Ao não pro­mover a plena con­cre­ti­zação da Lei n.º 73/​2019, o Go­verno está, na prá­tica, a im­pedir que se con­cre­tize uma im­por­tante re­versão da po­lí­tica da an­te­rior mai­oria PSD/​CDS, que pre­tendia o des­man­te­la­mento e en­trega aos pri­vados de uma his­tó­rica e fun­da­mental ins­ti­tuição da Re­gião do Douro, que deve servir, em pri­meiro lugar, os seus pro­du­tores».

 



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