Firmeza e determinação na defesa da democracia
CONFIANÇA João Ferreira e Jerónimo de Sousa, reagindo aos resultados eleitorais de domingo, reafirmaram o total empenho e determinação para continuar a luta em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos democráticos.
A candidatura de João Ferreira – que alcançou mais de 180 mil votos, correspondentes a 4,32% – acompanhou a noite eleitoral numa unidade hoteleira da capital, de modo a que fosse possível assegurar as medidas de segurança sanitária que a actual situação epidémica impõe. A dimensão do salão permitiu a presença de activistas, ou seja, alguns daqueles que nos últimos meses levaram a candidatura e os seus valores a todo o País. A estes «construtores» dedicou o candidato algumas das suas primeiras palavras de agradecimento, extensíveis a Heloísa Apolónia e restantes mandatários como a todos quantos tornaram possível a realização em segurança do acto eleitoral.
Na sua declaração, proferida quando pouco passava das 22 horas, João Ferreira considerou estar «profundamente convencido» que a candidatura por si assumida «trouxe a estas eleições um contributo singular, que perdurará para lá do dia de hoje». Fê-lo ao demonstrar a centralidade e a actualidade da Constituição e a importância do amplo acervo de direitos e do projecto de desenvolvimento que acolhe: a exigência do seu cumprimento, prevê, será uma questão decisiva nos próximos anos.
Para João Ferreira, foi ainda a sua candidatura a assumir a valorização dos «imprescindíveis deste País, os trabalhadores», a defender o Serviço Nacional de Saúde, os serviços públicos, as funções sociais do Estado, a destacar a importância da educação, da cultura, do ambiente.
Na luta, como sempre!
«Chegamos aqui ainda mais firmes e ainda mais empenhados na defesa da democracia, das liberdades e direitos democráticos. Ainda mais determinados para combater e derrotar projectos antidemocráticos e de confronto com a Constituição da República», afirmou ainda João Ferreira antes de garantir que «amanhã (segunda-feira), cá estaremos! A lutar pelos direitos de todos, todos os dias!»
Jerónimo de Sousa, que interveio imediatamente após o candidato, garantiu que «todo o apoio que agora foi expresso a João Ferreira somará para dar mais força na intervenção e na luta que temos pela frente para dar resposta aos problemas do País, assegurar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, defender direitos, construir um Portugal mais justo, desenvolvido e soberano».
Para o dirigente comunista, é precisamente a ausência de uma resposta cabal, por parte do Governo, à extensão e dimensão dos problemas que atingem o povo e o País que «abre espaço à instrumentalização para alimentar agendas reaccionárias e justificar projectos antidemocráticos».
Contas e avaliações
Jerónimo de Sousa realçou que a votação obtida pela candidatura de João Ferreira, «ainda que aquém do que o valor da candidatura exigia», indica um resultado idêntico, com ligeiro progresso, relativamente à candidatura apoiada pelo PCP nas últimas eleições presidenciais. O que tem ainda mais valor no quadro em que as eleições se realizaram: da dramatização em torno do «segundo lugar» e de uma eventual segunda volta à elevada abstenção e à quantidade de pessoas impedidas de votar pela situação epidémica.
O dirigente comunista avaliou ainda os resultados alcançados pelas candidaturas mais reaccionárias, «associadas aos interesses do grande capital revanchista», inseparáveis - mas mesmo assim aquém - da «deliberada promoção e centralidade que alguns lhes quiseram atribuir». Quanto à reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, ela traduz o «resultado expectável de uma elaborada promoção deste candidato que, para lá da vantagem ímpar decorrente do exercício das funções presidenciais, beneficiou da fabricação de um unanimismo ensaiado».
Este resultado abre a porta para um segundo mandato ainda mais explicitamente alinhado com os objectivos, interesses e agenda da direita, afirmou Jerónimo de Sousa.