«Novo começo» do Reino Unido depois de sair da União Europeia

RECOMEÇO No início de 2021, o Reino Unido pôs fim a quase meio século de integração na CEE/UE. Londres e Bruxelas concluíram um acordo que regulará as suas relações futuras. O primeiro-ministro Boris Johnson fala de um «novo começo» para o país.

Decisão do povo britânico de sair da UE concretizada mais de quatro anos depois

Ao fim de 47 anos de integração, e depois de fracassadas as múltiplas tentativas de desrespeitar e fazer reverter a vontade do povo britânico expressa em referendo, realizado em 23 de Junho de 2016, de sair da União Europeia (UE), o Reino Unido retomou a 1 de Janeiro o seu caminho fora da UE, depois de Londres e Bruxelas terem chegado, a 24 de Dezembro, a um acordo que regulará as relações comerciais futuras.

Numa mensagem, por ocasião do novo ano, o primeiro-ministro conservador Boris Johnson, fez uma curta referência a este assunto: «Em 2021 temos a liberdade nas nossas mãos e depende de nós aproveitá-la ao máximo», asseverou.

Embora o rompimento não afecte o alinhamento político entre Londres e Bruxelas e o trânsito de mercadorias entre ambos os lados do Canal da Mancha continue livre de tarifas graças ao acordo comercial alcançado, a saída trará mudanças na circulação de pessoas entre o Reino Unido e a UE.

Com a saída do Reino Unido da UE, os cidadãos britânicos só poderão permanecer um máximo de 90 dias sem visto nos países que integram a UE. Além disso, terão de ter seguro médico e, se viajarem de automóvel, deverão mostrar na fronteira a «carta verde» de uma seguradora.

Tanto os britânicos como os cidadãos dos países que integram a UE que queiram residir, trabalhar ou estudar na outra parte terão de seguir os procedimentos gerais de outros imigrantes. Entre outros aspectos, a ruptura também põe fim ao programa de intercâmbio de estudantes e ao reconhecimento automático de títulos de médicos, enfermeiros e outras profissões, além de cortar o acesso imediato do Reino Unido às bases de dados das agências policiais da UE.

Desconhece-se ainda o impacto que terá a saída do Reino Unido nos serviços financeiros ao impedir as empresas de países que integram a UE de trabalhar na City londrina como até agora.

Persistem, pois, incertezas sobre os efeitos do fim da permanência do Reino Unido na UE, acontecimento a que Boris Johnson chamou «um novo começo» na história do país.

A visão dos comunistas

No dia 26 de Dezembro, o Partido Comunista Britânico (PCB) reagiu à celebração do acordo entre o Reino Unido e a UE através de uma declaração conjunta do Secretário-geral Robert Griffiths e do secretário internacional John Foster. Os dirigentes comunistas afirmam que o referido acordo representa um «compromisso entre os interesses do capitalismo monopolista de Estado britânico, por um lado, e os do capital monopolista alemão e francês, representado pelos seus Estados e pela UE, por outro».

Tal acordo, porém, nunca teve como objectivo – por nenhuma das partes – favorecer as classes trabalhadores e os povos da Inglaterra, Escócia e Gales ou de qualquer dos países da Europa.

Os comunistas britânicos referem que este acordo certamente melhora os termos estabelecidos anteriormente pelo governo conservador de Theresa May, que teria vinculado a Grã-Bretanha à União Aduaneira, às regras do Mercado Único sob a jurisdição do Tribunal de Justiça Europeu e às contribuições financeiras para a UE, recordando o quanto a realidade demonstra a falácia e o não fundamento dos cenários catastrofistas para o Reino Unido com a sua saída da UE.

Com a concretização da vontade soberana do povo britânico de saída do Reino Unido da UE, o movimento operário e sindical, afirmam os dirigentes do PCB, deve iniciar «uma luta unitária pela soberania popular a todos os níveis, face a uma crise económica e social mais ampla que atinge já proporções inéditas», que o Governo do Reino Unido se revelou já incapaz de controlar. «Grandes batalhas se avizinham em defesa dos postos de trabalho, dos rendimentos e dos serviços públicos», realçam os comunistas.

Há que assegurar também, concluem, que os gastos públicos em matérias essenciais são mantidos, que as condições de vida dos trabalhadores são melhoradas e que os poderes legislativos «repatriados de Bruxelas» são devolvidos, como prometido, aos parlamentos escocês e galês.




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