Morreu Carlos do Carmo, a voz de Lisboa
O cantor Carlos do Carmo faleceu dia 1, aos 81 anos, em Lisboa, onde nasceu. Perde-se a voz, distinta, que em interpretações densas e sublimes cantou a cidade e as suas gentes, imortalizadas pelas palavras de grandes poetas como Ary das Santos.
Vencedor do Grammy Latino de Carreira, em 2014 - um dos muitos galardões com que foi agraciado –, Carlos do Carmo despediu-se dos palcos em 9 de Novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios.
O fadista que celebrizou canções como «Lisboa, Menina e Moça», teve ainda um papel destacado na Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, sendo um dos seus principais e mais determinantes embaixadores.
O «percurso cívico e democrático» é lembrado pelo PCP, em nota do gabinete de imprensa onde expressa o seu pesar e «endereça à família as suas sentidas condolências». Com uma carreira artística de mais de 50 anos reconhecida no País e no mundo, intérprete de autores como Ary dos Santos, participante entre muitos outros na afirmação da dimensão cultural da Festa do Avante!, cantor associado à sua cidade, deu uma contribuição particular à afirmação do fado como canção universal», destaca-se no texto.
Também o candidato presidencial João Ferreira prestou homenagem ao artista. «Na tua voz/ ...a madrugada/ Abriu a flor de Abril também./ A flor sem medo, perfumada/ Com o aroma que o mar tem», escreve nas redes sociais o candidato à Presidência da República, antes de se despedir: «Até sempre, Carlos do Carmo» escreveu, adaptando versos do álbum «Um Homem na Cidade», com poemas de Ary dos Santos, editado em 1977.
«Tristeza e pesar» expressou, por sua vez, em comunicado, o Partido Ecologista «Os Verdes», salientando o «dom inigualável» do cantor ao longo da sua carreira artística de mais de 50 anos.
Com «incomensurável consternação» recebeu, também, a Associação Intervenção Democrática a notícia do falecimento do artista, «enorme vulto da cultura de Portugal e do Mundo». A CGTP-IN, por seu lado, destaca o «cidadão empenhado e comprometido com as causas da justiça social», realçando a sua participação solidária «em muitos momentos e iniciativas da vida e da luta dos trabalhadores e da sua central sindical, a CGTP-IN».
Já a URAP recorda-o como «um dos maiores nomes da música portuguesa contemporânea, em especial do fado, e uma voz na luta pela liberdade e pela construção de Abril», enquanto o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), a cuja Presidência pertencia há muitos anos Carlos do Carmo, destaca «o seu exemplo e a sua obra», asseverando que «continuarão a servir a nobre causa da Paz». A Associação Conquistas da Revolução, de que Carlos do Carmo era sócio, salienta, por seu lado, o facto de ter sido um «notável embaixador do fado e grande lutador» para que este tivesse sido elevado a património e projectado internacionalmente.