Evo Morales defende projecto soberano para desenvolvimento dos povos

O líder do MAS e ex-presidente boliviano Evo Morales está a realizar um périplo pelo país, reunindo multidões por onde passa

O ex-presidente da Bolívia e actual líder do Movimento ao Socialismo (MAS), Evo Morales, defendeu o aproveitamento dos recursos naturais e estratégicos como via legítima para recuperar a soberania e a dignidade dos povos contra a vassalagem ao imperialismo norte-americano.

Falando perante milhares de pessoas, no dia 11, em Chimoré, no departamento de Cochabamba, um ano depois de ter sido forçado a deixar a Bolívia após o golpe de Estado, Morales explicou que os Estados Unidos da América não perdoaram que o seu governo pudesse alcançar um desenvolvimento económico soberano.

Afirmou que, hoje, o essencial é que se demonstrou que uma administração proveniente das bases indígenas alcançou um desenvolvimento exitoso sem seguir as receitas impostas pelas entidades capitalistas globais como o Fundo Monetário Internacional.

Destacou que não se trata só de uma luta económica contra o imperialismo, mas de uma «luta ideológica, cultural e programática» que exige a mudança para recuperar a soberania e identidade dos povos.

Falando no aeroporto de Chimoré, de onde saiu um ano atrás com destino à Cidade do México, insistiu que o golpe de Estado de 2019 teve por objectivo acabar com o modelo alternativo de desenvolvimento económico que teve um grande êxito na Bolívia, algo que o imperialismo norte-americano não perdoou.

Expressou que as grandes transnacionais tentaram recuperar os recursos naturais que o seu governo tinha nacionalizado para, com o seu aproveitamento, melhorar a vida do povo boliviano.

Na sua intervenção, no final da viagem por terra de regresso à Bolívia, ido da vizinha Argentina, Morales fez uma pormenorizada exposição da ofensiva dos EUA para travar o desenvolvimento do país, ofensiva essa articulada com a direita que orquestrou o golpe de Estado.

Morales defendeu a unidade das forças progressistas bolivianas e pediu todo o apoio para o presidente Luís Arce e o vice-presidente David Choquehuanca, eleitos com mais de 55 por cento dos votos nas recentes eleições.

Liderança social
e condução unitária

No gigantesco acto de massas em Chimoré participaram, além de muitos dirigentes e quadros do MAS, como o líder do Senado, Andrónico Rodríguez, e o secretário executivo da Central Operária Boliviana, Juan Carlos Huarachi, o antigo vice-presidente Álvaro Garcia Linera – que acompanhou Morales no exílio no México e na Argentina –, e o candidato à presidência do Equador pela aliança União pela Esperança, Andrés Arauz, apoiado por Rafael Correa. Também estiveram presentes delegações de organizações populares e sindicais, nacionais e estrangeiras.

Numa breve intervenção, García Linera recordou o «ano de infâmia» que se apoderou da pátria boliviana: «Mataram irmãos. Queimaram a casa de Evo. Mataram em Senkata e Sacaba. E uma quadrilha de ladrões apoderou-se do Estado. Têm nome: Quiroga, Mesa, Áñez, Murillo. Toda a escória da História».

Antes dos discursos, foi lido um manifesto no qual se reconhece a liderança social indiscutível de Morales, a sua condução unitária do processo político e eleitoral e os avanços alcançados na construção de uma Bolívia independente e digna.

O texto consagra o compromisso de defender as conquistas da revolução democrática e cultural nos planos político, social, económico e cultural, logrando êxitos económicos, maior igualdade, independência nacional e identidade pluricultural.

Foi anunciado, entretanto, em La Paz, que Evo Morales dirigirá a campanha do MAS para as eleições de governadores e alcaides, convocadas para 7 de Março de 2021, definindo as listas de candidatos e trabalhando em coordenação com os movimentos sociais de cada departamento.

A partir de Chimoré, Morales confirmou que o MAS vai realizar uma assembleia nacional ampliada no sábado, 21, durante a qual será avaliada a situação política do país e abordado o próximo processo eleitoral.




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