Encerramento de têxtil em Oliveira de Azeméis mostra patronato com mãos livres para despedir
FRAUDE O PCP apela à unidade e luta das trabalhadoras de uma empresa de capital alemão que aproveitou o actual contexto para fechar após anos de insolvências fraudulentas.
A empresa de capital alemão já alterou por três vezes a sua designação
Em causa está o encerramento da fábrica têxtil «Prisma-Paraíso», situada na Vila de Cucujães, e o consequente despedimento de 70 trabalhadoras. «Esta empresa, de capital alemão, instalada em Portugal há mais de três décadas, alterou por três vezes a sua designação, tendo as trabalhadoras passado de uma empresa para outra». Mantiveram, todavia, «a salvaguarda da sua antiguidade», explica, em comunicado, a Comissão Concelhia de Oliveira de Azeméis .
Contudo, desde 2016, «o patronato foi acentuando a pressão sobre as trabalhadoras, reprimindo-as e assediando-as moralmente», tendo, por mais de uma vez, sido condenada por isso. O percurso de abusos reiterados e prepotência patronal culminou, na actual conjuntura de surto epidémico, com a «paragem do trabalho durante uma semana e o lay-off de 1 a 30 Abril», período após o qual «a empresa recorreu ao trabalho extraordinário e à pressão pelo cumprimento de objectivos face às muitas encomendas», detalha ainda a organização do Partido.
Ora, «apesar da existência de encomendas, a empresa impôs no mês de Setembro uma semana de férias às trabalhadoras», período durante o qual aproveitou para culminar «o processo iniciado em Março de retirada de máquinas e tecidos, mesas e cadeiras em utilização». E foi neste contexto que, no fim de Setembro, as trabalhadoras foram confrontadas com o encerramento por via de um processo de insolvência», sendo-lhes neste momento devidos os montantes relativos aos anos consecutivos de trabalho, acrescenta-se no texto.
O PCP considera que o fecho compulsivo daquela unidade é o corolário de um «comportamento reiterado» que «teve sempre como objectivo empurrar para a Segurança Social e para as trabalhadoras os encargos com a má gestão da empresa», e «apela a todas as trabalhadoras que se unam e lutem em defesa dos seus postos de trabalho».
Unidade sindical
A acompanhar a situação junto das 70 trabalhadoras despedidas está oSindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil do Distrito de Aveiro e a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanificios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (Feset), cuja coordenadora, Isabel Tavares, em declarações à RTP divulgadas no site da Feset, afirmou que este é um exemplo de que o fio condutor destas empresas é sempre o mesmo, não podendo o Governo continuar a permitir que o patronato sem escrúpulos continue a recorrer a falências fraudulentas para maximizar os lucros, com graves prejuízos para os trabalhadores e o erário público.
Isabel Tavares sustenta a acusação de fraude com informações que indicam que o material retirado pela multinacional alemã da fábrica de Oliveira de Azeméis foi transferido para uma unidade em Santa Maria da Feira, confirmando que as suspeitas de que a empresa vai, uma vez mais, abrir portas noutro local e com outro nome.