Estudantes da Universidade do Porto contra aumento drástico das propinas
LUTA Estudantes do Ensino Superior do Porto concentraram-se, na terça-feira, dia 6,na Reitoria da universidade daquela cidade,contra o aumento das propinas no 2.º ciclo de estudos na Faculdade de Ciências.
«Esta decisão porá em risco a educação e frequência universitária de muitos estudantes»
Um grupo de estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) dinamizou uma acção reivindicativa que teve lugar na Praça dos Leões, em frente à reitoria daquela universidade. O aumento, sem qualquer tipo de aviso prévio, das propinas anuais dos mestrados daquela instituição de ensino foi o principal motivo da concentração.
Segundo os estudantes responsáveis pelas acções que têm contestado a decisão da tutela da universidade, os aumentos dos valores das propinas anuais aplicados no presente ano lectivo variam entre 50 e 375 euros. E foram cinco os cursos mais afectados: os mestrados de Biologia Celular e Molecular, Bioinformática, Biologia Computacional, Ciência de Dados e de Segurança Informática.
O novo valor praticado pela FCUP foi aplicado tanto aos estudantes que se inscreveram na instituição antes de serem notificados do aumento, como aos que estavam na transição do primeiro para o segundo ano do ciclo de estudos. Estas duas situações implicam que vários estudantes terão de abandonar os seus estudos a meio ou mesmo antes de os começarem.
A situação dos estudantes internacionais e internacionais CPLP atinge proporções ainda mais dramáticas, sendo que o aumento do valor das suas propinas anuais escalou para 1687,5 e 1312,5 euros, respectivamente.
A par desta situação, os estudantes da FCUP apontam que a bolsa atribuída pela DGES tem acompanhado apenas o valor da propina de licenciatura. Já o valor das propinas dos 2.º e 3.º ciclos de estudos, que têm sido, de forma geral, aumentados em muitas instituições de ensino superior, não estão a ser cobertos pelas bolsas.
Estes estudantes consideram que a decisão de aumento poderá pôr em causa «a educação e frequência universitária de muitos estudantes», como se pode ler num dos seus comunicados.
A par da concentração, está também a ser dinamizada uma petição pública para que o assunto possa ser discutido na Assembleia da República.
Comunistas e SPN solidários
O PCP e a JCP estiveram na concentração a manifestar a sua solidariedade com os justos motivos da concentração. Jaime Toga, da Comissão Política do CC do Partido, reafirmou que as propinas constituem «um muro» que veda o acesso universal ao ensino universal consagrado na Constituição da República Portuguesa. Também o Sindicato dos Professores do Norte (SPN) se solidarizou de forma pública com a luta dos estudantes da FCUP, qualificando de «incompreensível» a decisão tomada pela Universidade e lamentando que não tivesse sido considerado o contexto pandémico em que vive o País. «Muitas famílias perderam rendimentos, o que vai dificultar ou mesmo impossibilitar a frequência dos jovens destas famílias».