Frente Democrática de Libertação da Palestina
«O projecto do Grande Israel nunca foi abandonado»
A Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) é uma das históricas organizações da resistência à ocupação sionista. O seu dirigente Nedal Fatou abordou a situação no seu país e as perspectivas de luta.
Como estão os palestinianos da Cisjordânia a encarar a ameaça israelita de anexação de parte da Cisjordânia?
Tendo em conta que a anunciada anexação de parte da Cisjordânia visa impossibilitar a criação do Estado da Palestina, a primeira acção foi consultar os palestinianos e suas organizações. Uma primeira acção, tomada em Maio pela direcção política palestiniana, foi o anúncio de interrupção da colaboração entre a Autoridade Nacional Palestiniana, por um lado, e Israel e Estados Unidos da América, por outro, sobre temas de segurança. Esta é uma das condições dos Acordos de Oslo, contra o qual estiveram algumas organizações de resistência.
Para a FDLP, a que se deverá a espera de Israel para iniciar a ocupação, anunciada para Julho?
Israel tem um projecto estratégico, que é a criação do Grande Israel. Nesse sentido, tem como objectivo de sempre a obstaculização de todo e qualquer passo no sentido da paz. Além disso, há duas leituras a serem feitas: as questões religiosas e de presença e controlo israelitas sobre a região, por um lado, e, por outro, o facto de Israel ser um Estado funcional, bem organizado, que serve de ponta de lança do imperialismo no Médio Oriente. Ora, este projecto nunca foi abandonado, apesar da recente «normalização» das relações entre Israel e algumas das ditaduras do Golfo, promovida pelos EUA, e das declarações de Netanyahu.
De que modo a postura da administração Trump pode ter contribuído para esta nova vaga da ocupação da Palestina?
Trump, que chegou ao poder apoiado por uma massa de vontantes que acreditam neste Grande Israel, tomou muitas decisões contra o povo palestiniano, a mais importante das quais foi a oferta de Jerusalém como capital definitiva de Israel… Mas o problema não é Trump, é o imperialismo, esteja quem estiver na Casa Branca. O apoio a Israel é fundamental para qualquer candidato, pois o lobby sionista é fundamental para se chegar à presidência dos EUA.
Que caminhos veem para a libertação da Palestina?
O último acordo alcançado entre as organizações palestinianas aponta a um retorno à luta, a todas as formas de luta, ao confronto com as autoridades israelitas. Isto é muito importante, pois dá mais vida e mais oxigénio à resistência contra a ocupação, o sionismo, o projecto imperialista para a região. Para que esta resistência se amplie, necessita de um programa, um consenso, uma coordenação, e disso encarregar-se-ão os Comités de Coordenação da Luta Popular.
Quais as prioridades imediatas da acção da FDLP?
O mais importante é haver consenso sobre como continuar a luta e trabalhar a fundo para acabar com a divisão entre os palestinianos. Estamos também a procurar que as forças progressistas árabes contribuam para unir forças e defender a causa palestiniana, combatendo esta «normalização» das relações entre Israel e vários países árabes patrocinadas pelos EUA. Exigimos o regresso dos refugiados palestinianos e denunciamos a situação dos presos palestinianos em Israel e as violações dos direitos humanos por parte de Israel.