Um Partido que resiste e avança

Gonçalo Oliveira (Membro da Comissão Política)

A reunião do Comité Central do passado fim-de-semana aprovou as Teses-Projecto de Resolução Política do XXI Congresso. Nas mãos dos leitores do Avante!, e brevemente de todo o colectivo partidário, está o resultado da recolha de contributos e de inúmeros debates que envolveram as organizações do Partido durante as duas primeiras fases de preparação do Congresso.

O mundo muda e o PCP continua a acompanhar a realidade e a intervir para a transformar

Aproximamo-nos, por isso, do culminar de largos meses de intenso trabalho político, ideológico e organizativo, realizado em condições adversas. No período que medeia a reunião do Comité Central em Março, que deu origem à resolução sobre a realização do XXI Congresso, e o momento actual, as organizações do Partido não pararam de informar, mobilizar e de colocar aos militantes e amigos do PCP que, nas circunstâncias actuais tal como nas circunstâncias futuras – sejam elas quais forem – a actividade e luta do Partido irão continuar. Tal como o mundo muda e vai continuar a mudar, o PCP irá continuar a acompanhar a realidade e a intervir para a transformar.

A experiência dos últimos sete meses somou-se ao conhecimento histórico que os comunistas portugueses têm do acidentado caminho que trilhamos em direcção à emancipação social dos trabalhadores e do povo. Conhecimento que está transformado em proposta de acção e vertido num documento, as Teses-Projecto de Resolução Política, que a reflexão e opinião do colectivo irá enriquecer.

No documento encontram-se, por exemplo, importantes referências à luta ideológica, ao anticomunismo e à ofensiva contra o Partido. Não porque o PCP se sinta amedrontado pelo discurso do ódio ou ofendido pelo sistemático recurso à mentira – um partido comunista com quase 100 anos de história, para além de não se amedrontar facilmente, adquire também imunidade quer à lisonja, quer ao veneno vindo de quaisquer cobrinhas cuspideiras.

Temos experiência suficiente para não cair no erro de subestimar adversários, de ignorar os sinais que se perspectivam no horizonte ou de desconhecer as implicações que estes têm para a luta dos trabalhadores e para os valores democráticos.

Caminho claro

Apontamos por isso um caminho claro para este XXI Congresso. O caminho de um Partido profundamente ligado aos trabalhadores e ao povo, que conhece as particularidades que marcam a história da sociedade portuguesa, a sua realidade social e a inserção internacional de Portugal.

Um caminho que implica reforçar a organização do Partido, em particular nas empresas e locais de trabalho; que requer que se cuide da formação política e ideológica dos seus membros, bem como da coesão do colectivo partidário; que estimula também a unidade dos trabalhadores, bem como o alargamento da luta de massas; que insta à unidade e acção dos democratas e patriotas em torno de um projecto político que coloca os valores de Abril no futuro de Portugal.

Esta é a marca de um Partido capaz de analisar uma realidade cheia de contradições e de apontar linhas de trabalho que enfrentam os problemas existentes, ao mesmo tempo que aproveita as potencialidades de ruptura com a política de direita e de afirmação do projecto alternativo do Partido.

Dar força à jornada nacional de luta convocada pela CGTP-IN para o próximo sábado; garantir o êxito do XXI Congresso; dinamizar a candidatura de João Ferreira, valorizando o que ela representa em termos de afirmação e defesa do regime democrático, do cumprimento da Constituição da República Portuguesa e da defesa dos direitos dos trabalhadores; travar o combate eleitoral nos Açores, com confiança no projecto alternativo que a CDU leva a todos os açorianos; preparar futuras batalhas eleitorais, a próxima Festa do Avante!, as comemorações do centenário do Partido.

Estas são marcas de um grande Partido. Um Partido que resiste e avança.




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