Portugal precisa das colectividades de cultura, recreio e desporto a funcionar
São necessários 123 milhões para retomar as actividades associativas
Estamos todos no mesmo barco, ou estamos todos no mesmo Mar? Temos ouvido dizer que «estamos todos no mesmo barco». Esta metáfora parece-nos errada quando vemos e sentimos a forma como somos tratados por alguns órgãos da comunicação social, por autoridades de saúde, governação local ou central. Mais do que «estarmos todos no mesmo barco», aplicando a metáfora à COVID-19, talvez estejamos todos no mesmo Mar. Só que alguns vão em cruzeiro de luxo, outros agarrados a pequenas boias e outros… simplesmente a nado, correndo o risco de se afogarem.
As 33 mil colectividades de cultura, recreio e desporto existentes em Portugal deram um precioso contributo na contenção da pandemia, ao terem encerrado as sedes e adiado ou anulado mais de 120 mil actividades que deixaram em casa cerca de três milhões de pessoas. Esta atitude, responsável e corajosa, custou mais de 395 milhões de euros às colectividades. Para se retomar as actividades serão necessários cerca de 123 milhões de euros. Os impactos sociais e psicológicos nos associados, famílias e comunidades são incalculáveis.
Cuidado com o esquecimento.
Não são todos iguais!
Não são raros os casos em que depois de uma catástrofe, parte das suas vítimas caem no esquecimento. Receamos que seja esse o caso do Associativismo Popular. Não obstante as propostas fundamentadas e realistas apresentadas às câmaras municipais e ao Governo, estamos longe de ter sequer resposta ou as respostas que se impunham. Na Assembleia da República, na discussão do Orçamento Suplementar, o PCP apresentou uma proposta de inclusão de 30 milhões de euros para o associativismo, que foi rejeitada pelo PS, com a abstenção dos partidos à sua direita. Conclusão: não são todos iguais.
Vamos construir a nossa normalidade!
Somos activos, inclusivos e responsáveis. As colectividades são essenciais à felicidade dos portugueses! Retomar as actividades associativas é essencial para dinamizar a economia local, recuperar parte das perdas financeiras, apoiar as crianças em ATL e AEC associativos, os jovens no ensino e em práticas culturais e desportivas e os idosos com os espaços de encontro, convívio e de socialização, combatendo o isolamento e a depressão.
É essencial retomar a democracia participativa, reforçar a auto-estima, o ânimo e a felicidade que a cultura, recreio e desporto populares proporcionam.