A primeira Festa na Atalaia foi em 1990: chão nosso!
«Este ano, para nós, a Festa do Avante! tem um sabor novo e contém em si motivo de nova alegria. É que a Atalaia é nossa, podendo aqui confirmar-se que a campanha de fundos ultrapassou os 100 mil contos, o que nos dá a certeza de, dentro em pouco, termos respondido a todas as obrigações e compromissos para o efeito assumidos. Termina o jogo indigno de governos e outras entidades de cederem terrenos abandonados, cheios de mato e pedras, com a esperança de nos afundarmos neles, e depois os tirarem sem outra razão que não fosse não poderem suportar a exaltante demonstração dada pela Festa do Avante! da poderosa energia e capacidade de realização que se desprende do trabalho de um partido que se afirma e é um partido dos trabalhadores e do povo; não poderem suportar a demonstração de valor irradiante de criatividade, de mensagem cultural, cívica e política, do ambiente e convívio fraterno e humano, da ligação às massas e da influência de massas do Partido Comunista Português.» – assim iniciou Álvaro Cunhal a sua intervenção no grandioso comício da Festa do Avante! de 1990, a primeira realizada na Quinta da Atalaia.
O anúncio da aquisição do novo terreno foi feito nas vésperas da Festa anterior, que teve ainda lugar na Quinta do Infantado, em Loures. Na abertura dessa derradeira edição de casa às costas, Álvaro Cunhal apresentou o novo espaço: «É no concelho do Seixal, são 25 hectares. É um terreno bonito, formoso, junto ao rio, que tem urbanização, e pensamos que as festas que aí iremos realizar terão condições para ser belíssimas festas, num ambiente aprazível, onde nos sentiremos bem, além do mais porque ninguém nos pode tirar de lá!» Emocionada, a multidão respondeu em uníssono: É nosso! É nosso!
Adquirido o terreno que a Festa merecia (como por esses dias lhe chamou o Avante!), houve que fazer face ao enorme esforço financeiro que tal decisão representou. A campanha dos 150 mil contos não só envolveu toda a organização partidária como se estendeu muito para lá das suas fronteiras: em milhares de contributos – uns mais significativos, outros mais modestos, mas todos imprescindíveis e com profundo significado político – foi possível alcançar, e mesmo ultrapassar, os objectivos definidos. As contribuições militantes iniciaram-se logo na Festa de 1989, com centenas de pessoas (comunistas e não só) a adquirirem títulos de comparticipação de valor variado.
Semanas depois, a comissão coordenadora da campanha enviou uma carta a militantes do Partido, democratas e amigos, garantindo-lhes que a Festa «brilhará como nunca no terreno que é nosso» e que «não mais receberemos “ordem de despejo”». O resto é conhecido: ataques e calúnias contra a Festa e o Partido, por um lado; determinação e confiança na organização e nas massas, por outro. Certo é que 30 anos passados, o chão nosso da Atalaia continua a acolher a melhor das festas – e cresceu, há poucos anos, fruto da mesma determinação e da mesma confiança. Mas essa é outra história.