31 de Julho 1958 – PIDE ‘suicida’ Raul Alves
Operário soldador da Companhia Industrial Portuguesa, militante do PCP, Raul Alves, é preso e levado para Caxias a 16 de Julho de 1958, por actividades subversivas: participação em greve e protestos contra a burla das presidenciais de Junho que deu a vitória ao candidato da ditadura, Américo Tomás, em detrimento do candidato da oposição democrática, o general Humberto Delgado. Raul Alves é depois transferido para o Aljube, em Lisboa, na chamada fase de interrogatório, que decorre na sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), na rua António Maria Cardoso. É aí que a 31 de Julho, depois de ter sido torturado, é atirado do 3.º andar por agentes daquela polícia política, que posteriormente justificará a sua morte como suicídio ditado pelo desespero. O caso não era inédito, mas desta vez a encenação saiu gorada. Várias testemunhas viram Raul Alves pendurado do lado de fora da janela, desesperado, aos gritos, tentanto agarrar-se sem o conseguir. Uma delas foi a mulher do embaixador do Brasil, Álvaro Lins, que denunciou o crime ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira. O Ministério do Interior descansou a senhora: «Não há motivo para ficar tão impressionada. Trata-se apenas de um comunista sem importância». Raul Alves tinha 44 anos.