EUA vão transferir parte das tropas na Alemanha

DESLOCAÇÃO Parte das tropas norte-americanas estacionadas na Alemanha vão ser transferidas para outros países europeus da NATO e para bases nos EUA. Ainda assim permanecerão na Alemanha 24 mil militares norte-americanos.

Saem 12 mil soldados mas ainda ficarão na Alemanha 24 mil militares norte-americanos

O secretário de Estado da Defesa norte-americano, Mark Esper, anunciou que os EUA, por decisão do presidente Donald Trump, vão começar nas próximas semanas a retirar quase 12 mil soldados estacionados na Alemanha.

Dos 11.900 efectivos que saem de território alemão, 5.600 serão recolocados em outros países da NATO – Polónia, Bélgica e Itália – e cerca de 6.400 regressarão aos EUA, precisou Esper. A medida reduzirá o número de tropas norte-americanas na Alemanha de 36 mil para 24 mil elementos.

Washington decidiu também mudar a sede do seu Comando Europeu, transferindo-o da Alemanha para a cidade belga de Mons.

Este plano de recolocação de tropas norte-americanas necessita ainda da aprovação e do financiamento do Congresso norte-americano.

A decisão do Pentágono era aguardada, já que, nas últimas semanas, em diferentes ocasiões, Trump acusou a Alemanha de não cumprir o compromisso, no quadro da NATO, de gastar 2% do seu PIB com despesas militares. A 29 de Julho, no mesmo dia em que Mark Esper formalizou o anúncio da retirada parcial de tropas, o chefe da Casa Branca justificou no Twitter a sua decisão: «A Alemanha paga à Rússia milhares de milhões de dólares por ano por energia e pressupõe-se que somos nós [EUA] que devemos proteger a Alemanha da Rússia. Que é isso? Ademais, a Alemanha é muito faltosa no seu pagamento de 2% à NATO».

Com os mesmos argumentos, Trump já afirmara em meados de Junho que iria «provavelmente» transferir parte das tropas estacionadas na Alemanha para a Polónia, como um «sinal» para a Rússia. Moscovo respondeu de imediato, advertindo que, «se fosse necessário», tomaria «todas as medidas necessárias para garantir os interesses legítimos de defesa e segurança da Rússia».

Agora, comentando o anúncio de Washington, o governo russo denunciou a «concorrência» que existe entre os países da Europa para acolher as tropas norte-americanas que vão ser transferidas da Alemanha, o que considera ser uma expressão da crise de segurança europeia.

A tentativa de procurar conseguir uma superioridade bélica sobre outros países constitui uma acção perigosa, capaz de desestabilizar a situação na Europa, o que prejudica, inclusivamente, os que lutam por albergar as tropas norte-americanas, afirmou a propósito o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Alexander Grushko.

Lembrando que isto ocorre quando se celebra o 45.º aniversário da assinatura da acta constitutiva da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o diplomata insistiu que «as tentativas de conseguir a superioridade militar podem fazer a Europa regressar à Guerra Fria». A questão é que «tarde ou cedo todos devem compreender que a política de ignorar os interesses de outros Estados da OSCE é contraproducente», sublinhou.

Sede do Africom
sai da Alemanha

O Comando dos EUA para África (Africom) deu início, no que provavelmente será um processo que durará meses, à transferência do seu quartel-general da cidade alemã de Estugarda para outra localização. A informação foi dada pelo comandante do Africom, general Stephen Townsend.

«Foi dito ao Comando de África do EUA que planeie mudar-se. (…) Se bem que é provável que leve vários meses a desenvolver opções, a considerar localizações e a tomar uma decisão, o Africom começou o processo», precisou Townsend, em comunicado.

O Africom estudará primeiro as opções para uma nova sede noutra parte da Europa mas também avaliará a possibilidade de estabelecer o seu quartel-general nos EUA. «Serão avaliadas as possíveis opções para garantir o posicionamento apropriado das forças para enfrentar os desafios do futuro», explica.




Mais artigos de: Europa

A nova velha «pipa de massa»

A torrente de notícias e comentários sobre os fundos que chegarão da UE nos próximos anos teve dois efeitos: por um lado, ajudou a toldar a percepção sobre a natureza do acordo alcançado no Conselho Europeu; por outro lado, sem contraditório que a matizasse, difundiu a ideia de que aí vem uma “pipa de massa”. Estes...