Necessidades do País exigem novo rumo e não proclamações
Contraditórias com posições assumidas pelo PS e o Governo em processos legislativos recentes – ainda na própria véspera, essa convergência entre PS e PSD voltou a ficar bem visível em votações no Parlamento, vide as alterações ao Regimento da AR e a drástica redução do número de debates quinzenais –, foram as declarações de António Costa ao afirmar defender uma base política «de entendimento sólido e duradoura» com os partidos à sua esquerda, num discurso fértil em proclamações mas vago quanto ao enunciado de medidas concretas. E sobretudo omisso em relação a opções que marcaram décadas de política de direita que «agravaram os problemas nacionais, impuseram exploração, injustiças, empobrecimento e corrupção», como realçou Jerónimo de Sousa.
E se é verdade que houve pontos comuns na leitura que ambos fizeram quanto à identificação de problemas, o mesmo não se pode dizer quanto ao caminho a seguir para os superar. «São necessárias soluções», afirmou o líder comunista, convicto de que tais soluções passam «por mudanças profundas, que têm de ser assumidas e concretizadas».
E foi com detalhe que enumerou essas mudanças pelas quais o PCP se bate e das quais não abdica, afirmando-se ciente de que não é possível responder aos problemas nacionais, desde logo «com os trabalhadores sujeitos a baixos salários, ao corte de remunerações, à pobreza, à precariedade, à desregulação dos horários», mas também «se os serviços públicos forem postos em causa, se assistirmos à destruição das micro PME, se persistir a sistemática desvalorização da produção nacional e o desaproveitamento das nossas potencialidades».
«Não é possível responder aos problemas nacionais com o domínio dos grupos económicos e financeiros sobre a vida nacional», advertiu Jerónimo de Sousa, lembrando ao primeiro-ministro que também não é com a submissão à União Europeia e às suas imposições que se resolverão os problemas nacionais.