Um ano de mandato
Faz hoje um ano que tomámos posse no Parlamento Europeu (PE). Foi um ano intenso de trabalho, de luta, de propostas, sempre em estreita ligação com o País, com os trabalhadores, com a sua realidade e os seus problemas. É esta ligação que dá força, sentido e coerência à luta institucional em defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do interesse nacional, contra as imposições e constrangimentos da União Europeia (UE).
Ao longo deste ano deslocámo-nos a todos os distritos do nosso País, tivemos reuniões com inúmeros sectores de actividade e realizámos dezenas de visitas; no PE, não desperdiçámos nenhuma oportunidade para defender os trabalhadores e o povo, para apresentar propostas e soluções para os problemas. Fizemo-lo em intervenções orais no plenário, em perguntas escritas, em alterações a relatórios e resoluções, em declarações de voto, em reuniões. O PCP foi a força política que, em média por deputado, teve mais intervenções orais e declarações de votos em sessões plenárias ou que mais perguntas fez à Comissão! Tudo isto é público e pode ser consultado nas fontes oficiais!
Este primeiro ano de mandato ficou marcado por impasses vários: desde o processo de acordo na distribuição dos cargos nas instituições europeias, às dificuldades em chegar a um acordo em torno do Orçamento da UE e do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027.
A actual situação económica e social, agravada pelas consequências do surto de COVID-19, expôs a total ausência de solidariedade da UE. Ficou mais claro que aquilo que podemos esperar deste projecto de integração capitalista europeu, cujas políticas pretendem agora aprofundar, é o agravamento das assimetrias, desigualdades e relações de dependência na UE, em benefício dos interesses das principais potências europeias e dos grandes grupos económicos e financeiros.
Face à projecção da «Conferência sobre o Futuro da Europa», os deputados do PCP no PE denunciaram a aparência democrática de um processo de integração que desprezou e afrontou a vontade expressa pelos povos sempre que esta se revelou contrária aos intentos daqueles que determinaram e determinam o rumo da União Europeia.
No âmbito específico do trabalho das comissões, usámos todas as possibilidades de intervenção para afirmar a necessidade de combater as desigualdades e a precariedade, de se valorizarem os salários e a contratação colectiva, de se investir em serviços públicos gratuitos e de qualidade, de se aumentarem as respostas sociais para as populações. Defendemos a produção nacional e a indústria portuguesa, destacando a importância da intervenção dos Estados no apoio à solvência das PME em dificuldades, aos pequenos e médios agricultores e à pesca artesanal.
No que se refere à política de cooperação internacional, exigimos o respeito pelas soberanias e pela integridade territorial dos países, no total respeito pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, combatendo visões hegemonistas, o militarismo e a ingerência. No âmbito da Assembleia Parlamentar EURO-Latino-Americana (EUROLAT), o PCP mostrou a sua solidariedade com a luta dos povos da América Latina e Caribe (Bolívia, Argentina, Venezuela, Brasil ou Cuba).
É pois com orgulho que olhamos para este ano de trabalho, um orgulho de dever cumprido que nos impulsionará para prosseguir e reforçar a luta e o nosso compromisso com os trabalhadores e o povo, por uma outra Europa.