Comunistas sublinham razão e unidade dos trabalhadores

EMPRESAS A defesa dos postos de trabalho, de direitos e de rendimentos estão na base de justas reivindicações dos trabalhadores na Lauak e no Grupo Navigator, que o PCP saúda.

Em vez de serem alvo de ofensiva, os trabalhadores deviam ser compensados

No caso da Lauak, a Comissão Concelhia de Setúbal do PCP «repudia veementemente o processo de despedimento colectivo», destaca «a tenacidade e coragem com que os trabalhadores têm defendido os seus postos de trabalho» e assegura que os comunistas continuarão ao seu lado, recordando, além disso, que por mais do que uma vez questionaram o Governo sobre a situação, a última das quais em requerimento entregue na Assembleia da República no dia 11.

A empresa aeronáutica, com unidades em Setúbal (531 trabalhadores) e Grândola (171 trabalhadores), pretende ver-se livre de 197 funcionários, sobretudo na fábrica sadina, alegando retracção da actividade no sector da aviação civil. Os comunistas setubalenses sublinham, contudo, que tal ocorre justamente quando se assiste à retoma da actividade, que a companhia «beneficiou de inúmeros apoios do Estado português para o seu desenvolvimento», e que, entre 2015 e 2018, inclusive, mais do que duplicou o seu volume de negócios e os seus resultados líquidos.

O PCP considera, igualmente, que as perspectivas de evolução da actividade apresentadas pela empresa e a selecção dos trabalhadores a despedir carecem de sustentação, por isso acusa-a de pretender aproveitar a crise desencadeada pela pandemia para aumentar a exploração.

No dia 19, responsáveis do Ministério do Trabalho deslocaram-se à unidade da Lauak em Setúbal para reuniões com a administração e o SITE Sul, tendo os trabalhadores levado a cabo uma concentração de protesto junto às instalações. O Sindicato informou, também, que reuniões semelhantes foram agendadas para os dias 23 e 25.

Compensar

o trabalho

Já no Grupo Navigator, na sequência do recurso ao lay-off simplificado, total e parcial, abrangendo quase 1200 trabalhadores, a Célula do PCP chama a atenção para o facto de a empresa ter acumulado milhões de lucros ao longo dos anos. Tanto mais que, recentemente, decidiu distribuir dividendos relativos à actividade de 2019, montante que seria «mais do que suficiente para garantir o pagamento das retribuições destes trabalhadores sem que fossem colocados em causa os seus postos de trabalho, direitos e salários e sem esbulhar a Segurança Social», afirma.

Os comunistas realçam, igualmente, que «o caminho encetado pela empresa desde a primeira hora ficou marcado pelas várias tentativas de alterar horários, cortar nos transportes, etc., medidas que só não se concretizaram devido à determinação e unidade dos trabalhadores e das suas estruturas». Ou seja, a suspensão de contratos «é o culminar de um processo desenvolvido ao longo da crise epidemiológica visando concretizar alterações nas relações laborais e no funcionamento da empresa» para «aumentar os lucros à conta de uma maior exploração dos trabalhadores».

A Célula do PCP no Grupo Navigator entende, ainda assim, que este período devia ser aproveitado para realizar operações de manutenção ao nível das instalações e equipamentos, necessárias à melhoria das condições de trabalho, e para a elaboração, com os trabalhadores e as suas estruturas representativas, de um plano de retoma da actividade em todas as unidades produtivas.

Os comunistas defendem, além do mais, que ao invés da ofensiva contra os seus direitos e rendimentos, os trabalhadores deviam ser compensados pelo esforço realizado ao longo dos anos, do qual resultaram consistentes lucros para o patronato.

Recorde-se que em plenários realizados dia 9, entre outras reivindicações específicas de cada empresa do Grupo Navigator, os trabalhadores aprovaram a reivindicação de 90 euros de aumento para todos, com efeito a Janeiro de 2020, a fixação do salário mínimo de admissão nos 850 euros e a redução progressiva dos horários para as 35 horas de laboração semanal, informou, em comunicado, a Fiequimetal, que continua a negociar com a administração o plano de carreiras.



Mais artigos de: PCP

Defender e lutar pelo Ensino Superior Público

VALORIZAR No dia 16, o PCP dinamizou nas suas plataformas digitais uma audição pública subordinada ao tema «A situação do Ensino Superior Público – questões actuais». Em foco estiveram os problemas do sector, das questões antigas e estruturais aos novos elementos introduzidos pelo surto de COVID-19.

Comemorar 100 anos do Partido assegurando a sua independência financeira

«A melhor forma de comemorar o centenário do PCP e garantir o reforço da sua organização, é alargar a sua ligação às massas, é garantir a sua independência financeira e melhores condições para intervir no presente e no futuro», lê-se num folheto editado no âmbito da Campanha Nacional de Fundos...

Incêndio no Algarve alerta para outra política

«Ao mesmo tempo que saúda a rápida resposta dada pelos bombeiros e restantes entidades de protecção civil», o PCP «chama uma vez mais a atenção para as causas profundas e estruturais que estão na origem da frequente ocorrência de fogos florestais na região», salientou o Secretariado da Direcção da Organização Regional do...

Luta vai continuar no Litoral Alentejano

Depois de um momento alto na Marcha pelo Emprego, em Sines, a luta dos trabalhadores no Litoral Alentejano em defesa de postos de trabalho, rendimentos e direitos, vai prosseguir. Esta foi a principal conclusão da audição pública realizada dia 16, no CT de Sines, com a presença de João Frazão,...

PS e agrários «douram pílula» das superintensivas

O olival e o amendoal superintensivos acarretam graves problemas de saúde para as populações, sérios prejuízos ambientais, e encontram-se suportados na sobre-exploração da mão-de-obra, não raramente próxima da escravidão. Neste contexto, não é aceitável que o PS, através do seu deputado eleito pelo distrito de Évora,...