Denúncia do imperialismo em tempo de epidemia viral

José Manuel Jara

Os EUA fingem ser o «paladino da democracia»

William Barrey, Procurador Geral dos Estados Unidos da América, põe o Governo da República Bolivariana da Venezuela com as cabeças a prémio, oferecendo 15 milhões de dólares por informações que justifiquem a sua captura e condenação por «narcotráfico» de cocaína para os EUA. Este anúncio oficial de caça ao Homem, propalado quando o mundo vive uma das mais severas epidemias dos tempos modernos, mede bem a inqualificável perversidade dos autores.

Este procedimento inaudito, na sequência de sucessivas ingerências num país independente, sanções económicas perversas e uma campanha mediática global de desinformação, é a expressão mais brutal da violência que caracteriza os procedimentos do governo americano nas relações internacionais, com total e flagrante desrespeito pelo Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas.

É o procedimento típico da política de guerra e da lei do mais forte, que já produziu sucessivas e mortíferas guerras, de que é exemplo paradigmático a invasão do Iraque, com base em mentiras descaradas sobre «armas de destruição massiva» que não existiam, e que os invasores inventaram como álibi para desencadear a guerra. Sabe-se muito bem que o ouro negro era o fim da operação.

O governo americano, aliado de ditaduras oligárquicas e de costumes medievais como a de alguns estados como a Arábia Saudita, finge, sem nenhuma vergonha, ser o paladino da democracia, usando todos os meios para impor os seus interesses de exploração e neocolonização, dissimulada em propaganda «humanitária» e fins pseudo-libertários.

Perante a dissolução dos costumes em muitos países ocidentais, como os EUA, em que grupos numerosos de cidadãos são consumidores compulsivos e dependentes de drogas, evidenciando uma falta de sanidade mental colectiva, cria-se o bode expiatório para os «produtores», arregimentados pelas redes de comercialização consentida no território onde estão os dólares que fecham o circuito comercial.

É uma tragédia ver como os EUA, um grande país, com um prodigioso desenvolvimento científico e tecnológico, fonte de tantos valores em conhecimentos para a civilização, uma sociedade com cidadãos de grandes méritos e valores humanistas, está entregue politicamente a um poder retrógrado, prepotente, desonesto, inimigo do progresso, da igualdade e da liberdade, desorganizador da relação paritária entre nações, um imperialismo de uma violência sem limitações, ao serviço da sua clique financeira, possuída de um egoísmo tóxico.

O procedimento anunciado pelo Procurador Geral contra o governo da Venezuela é a mais clara evidência da regressão da grande nação ao estilo dos cowboys da conquista do Oeste, que levou ao genocídio dos índios norte-americanos, a tiro de carabina.




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