Morreu o militar de Abril Machado dos Santos
O Capitão de Mar-e-Guerra Carlos Machado dos Santos – militar de Abril que dirigiu o processo de libertação dos presos políticos da Fortaleza de Peniche, a 26 de Abril de 1974 – morreu na passada quinta-feira, 9 de Janeiro, em Lisboa.
Num artigo publicado em 2017, destacou que o Movimento dos Capitães tinha como prioridade «acabar com a guerra colonial, mas também derrubar o estado fascista, com a libertação incondicional dos presos políticos e a extinção da polícia política».
Nascido em 1943, em Lisboa, alistou-se na Escola Naval em 1960, tornando-se oficial em 1964. Engenheiro hidrógrafo de formação, reformou-se em 1993.
Envolvido em actividades políticas antes da Revolução dos Cravos, na luta pela liberdade e a democracia, Carlos Machado dos Santos foi até ao fim um militar convicto, defensor dos ideias e projecto libertador de Abril. O seu nome fica também vincado à integridade de um oficial que não se vergou aos processos persecutórios da administração da Armada.
A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) destacou, entretanto, aquele que foi um «homem de elevada inteligência, desportista náutico desde a juventude». «Era um grande democrata e associativista, tendo sido dirigente em vários mandatos da Sociedade Filarmónica União Artística Piedense (SFUAP), amante da cultura, melómano, apoiante do Teatro de Almada, cidade onde residia, estando presente em numerosas iniciativas da URAP, nomeadamente na Fortaleza de Peniche, onde dialogou com visitantes e ex-presos políticos, mesmo com a saúde já debilitada», acrescentaram os antifascistas portugueses.