Deputados do PCP no Parlamento Europeu defendem controlo público da banca
SOBERANIA Só o controlo público da banca pode «colocar a banca ao serviço do bem comum e de um projeto de desenvolvimento soberano», defendeu no Parlamento Europeu o deputado João Ferreira, do PCP.
Contra a concentração monopolista nos megabancos europeus
João Ferreira, deputado do PCP, intervindo no Parlamento Europeu (PE), no dia 15, afirmou que completar a União Bancária «tornou-se uma espécie de mantra que vai sendo repetido pela direita e pela social-democracia, acima de tudo para desviar as atenções do real significado e consequências deste projecto». Ou seja: «Depois de expropriarem os estados da soberania monetária, cambial e orçamental, querem retirar-lhes o controlo e a supervisão sobre o respectivo sistema bancário, que é entregue de bandeja a meia dúzia de grandes grupos financeiros transnacionais».
Para o deputado do PCP, «com a proposta agora apresentada pela Alemanha para o terceiro pilar, percebemos ainda melhor o engodo: a troco de empréstimos aos fundos de garantia nacionais (certamente pagos com língua de palmo, como foi com a troika), fixam-se condições que empurram os bancos dos países mais frágeis para situações de concorrência potencialmente devastadoras, facilitando ainda mais a concentração monopolista do sector nos megabancos europeus».
João Ferreira avisou que, «de caminho, querem deixar ainda mais indefesos e desprotegidos países como Portugal, na próxima curva apertada de uma nova crise do euro». E defendeu: «Só o controlo público da banca – a propriedade e gestão públicas – pode romper com este caminho e com estes interesses. E colocar a banca ao serviço do bem comum e de um projeto de desenvolvimento soberano».
Solidariedade internacionalista no PE
«O que se está a passar na Bolívia só tem um nome: golpe de Estado!», afirmou Sandra Pereira, do PCP, intervindo no PE, no dia 14. «A vontade expressa pelo povo ditou a reeleição de Evo Morales como presidente da República Plurinacional da Bolívia. As forças reaccionárias e anti-democráticas bolivianas, com a cúmplice acção das forças policiais e militares, e suportadas por inaceitáveis pressões e ingerências externas, não aceitaram o resultado e levaram a cabo uma violenta acção terrorista contra os movimentos populares bolivianos, seus dirigentes e responsáveis estatais. De nada valeram os múltiplos apelos ao diálogo e iniciativas de solução política protagonizadas por Evo Morales», denunciou a deputada comunista portuguesa.
Para ela, «um golpe de Estado que se insere na ofensiva do imperialismo norte-americano na América Latina, com a conivência da União Europeia, tendo como real objectivo derrotar o processo de afirmação soberana, de progresso económico e social e de emancipação que tem vindo a ter lugar na Bolívia desde 2006». E fez um apelo: «É necessário rejeitar este golpe de Estado e solidarizarmo-nos com o povo boliviano, defendendo a sua soberania, a democracia e a paz no País».
A deputada do PCP Sandra Pereira interveio no PE também no dia 15, saudando o povo do Chile que se manifesta desde há semanas, exigindo uma mudança política no país.
«Milhões de pessoas saíram à rua no Chile e têm resistido à violenta repressão da polícia e das forças militares a mando do governo do presidente Piñera. Foi assim que fizeram ruir, em duas semanas, a recorrente falácia do “exemplar modelo económico” chileno. “Modelo” que foi implementado, a partir de 1973, com a imposição de uma brutal e sangrenta ditadura fascista no Chile, cujas políticas neoliberais se traduzem, entre outros gravosos aspectos, numa brutal intensificação da exploração e na destruição do papel central do Estado em assegurar direitos democráticos (sociais, económicos, culturais), nomeadamente pela privatização de, praticamente, todas as esferas da vida económica, dos serviços públicos (saúde, educação, transportes) e da segurança social, entregando-os a grandes grupos monopolistas» – afirmou Sandra Pereira.
Lembrando que o Chile transformou-se nas últimas décadas num dos países com maior desigualdade social no mundo e o povo chileno está nas ruas a exigir uma mudança de política e do fim do regime constitucional que lhe dá suporte», a deputada do PCP enfatizou que os chilenos «merecem, por isso, toda a nossa solidariedade».
Vacina é esperança em África.
O actual surto de ébola em África é o segundo maior já registado, após a epidemia que matou mais de 11 mil pessoas entre 2013 e 2016, tendo já sido declarado uma emergência de saúde pública de caráter internacional pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo o deputado João Ferreira, do PCP, a autorização de introdução no mercado de uma nova vacina é «uma esperança para pessoas em risco de contrair esta doença», mas importa «garantir que este avanço chegue às populações em risco, o mais rapidamente possível, de forma universal e gratuita».
João Ferreira entende que é necessário retirar todas as lições da anterior epidemia e que não se pode esquecer que a frágil infraestrutura de saúde em muitos países foi determinante na incapacidade para fazer frente à progressão da epidemia.
O deputado defendeu no PE que, além da imperiosa ajuda de emergência, «é necessário apoiar a construção de sistemas públicos de saúde, universais e gratuitos, a formação de pessoal de saúde especializado». E mais: «Combater a hegemonia das farmacêuticas no desenvolvimento de novos fármacos e a ditadura das patentes. Apoiar o desenvolvimento de serviços públicos essenciais, como no domínio da água e do saneamento. Anular a dívida externa destes países e acabar com as receitas do FMI e do Banco Mundial que perpetuam o atraso e a dependência».