Greves na indústria para exigir melhores salários e condições
LUTA Pela valorização do trabalho e dos salários, contra as pressões patronais e por estabilidade nos vínculos laborais, entraram em greve os trabalhadores da Renault Cacia, da Efacec e da Tesco.
Unidos e organizados, os trabalhadores lutam por condições melhores
Na fábrica da multinacional francesa em Cacia, concelho de Aveiro, onde são produzidas caixas de velocidades e outros componentes para as marcas Renault e Nissan, as greves de 24 horas ocorreram nos dias 7, 10 e 12, «sempre com elevados níveis de adesão dos trabalhadores e grande mobilização nos piquetes de greve», como relatou o SITE Centro-Norte.
Numa nota de imprensa emitida anteontem, o sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN precisou que «em todos os dias a adesão à greve rondou os 90 por cento na produção». Logo no primeiro dia, o SITE CN tinha assinalado a adesão de «muitos trabalhadores com vínculos precários» e quadros intermédios, comprovando que «a insatisfação é transversal».
No dia 7, uma delegação do PCP esteve junto aos portões da Renault Cacia, com os trabalhadores em luta que ali se reuniram. Numa nota de imprensa em que expressou solidariedade e reiterou o compromisso de intervir a favor das reivindicações que motivaram a greve, a direcção regional de Aveiro do Partido destacou, como factores da «degradação das condições de trabalho»: a redução das remunerações, a retirada de prémios e o não cumprimento da GSI (gestão salarial interna); os intensos ritmos de trabalho e horários desregulados; pressão e repressão no local de trabalho; um grande número de trabalhadores temporários (há vários ano estes representam 30 por cento da mão-de-obra), que respondem a necessidades permanentes.
Com a expressão que a greve alcançou, o sindicato espera que a administração «perceba que é tempo de valorizar quem mais contribui para a criação de riqueza», respondendo à «necessidade urgente de melhorar as condições de trabalho, acabar com as pressões e assédio aos trabalhadores, assim como aumentar os seus salários».
«A luta vai continuar» em moldes a definir por estes dias em plenários.
Os trabalhadores das quatro empresas do Grupo Efacec fizeram greve, no dia 8, e voltam a paralisar amanhã, contra a posição patronal de rejeição de aumentos salariais em 2019. Durante a greve da passada sexta-feira, um grupo de trabalhadores reuniu-se no principal acesso do complexo fabril na Arroteia (S. Mamede de Infesta, Matosinhos). Além da actualização salarial anual, é exigida resposta às demais matérias do caderno reivindicativo, elaborado pelas comissões sindicais e aprovado por unanimidade no início do ano. Num comunicado que emitiu no dia da greve, o SITE Norte acusou a administração de procurar «dividir e amedrontar» os trabalhadores, com resultados prejudiciais, como o acordo celebrado dia 7 com as comissões de trabalhadores das empresas Energia e Engenharia. O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN reafirmou que continuará a promover a luta justa dos trabalhadores pelas suas reivindicações.
Por aumento salarial justo, fim da discriminação salarial, redução do horário de trabalho, passagem ao quadro da empresa dos trabalhadores com contratos a termo ou temporários, aumento do subsídio de refeição e 25 dias úteis de férias, os trabalhadores da Tesco Componentes para Automóveis, organizados no SITE Norte, voltaram a paralisar, por duas horas em cada turno, no dia 8.
Esta série de greves à sexta-feira, com concentrações no exterior da fábrica, em Ribeirão (Vila Nova de Famalicão), iniciou-se a 18 de Outubro.