Três tempos

Poucos dias após as eleições legislativas, como os leitores assíduos do Avante! sabem, reuniu o Comité Central do PCP. Sabem esses e, possivelmente, não muitos mais. Ao contrário do que se passou com reuniões das direcções de outros partidos após o acto eleitoral, a conferência de imprensa em que foram apresentadas as conclusões pelo Secretário-geral não teve qualquer visibilidade nos principais noticiários televisivos – das 20 horas, em canal generalista.

Também os jornais do dia seguinte apagaram completamente as conclusões da reunião do Comité Central do PCP, subalternizando-a ao encontro com o PS – como quem diz que o que interessa é «picar o ponto», ou seja, passar qualquer coisa do PCP para cumprir a obrigação de informar. Esta prática é tão inaceitável que um dos jornais acaba por conseguir a incrível proeza de, nas mesmas páginas em que oculta as conclusões da reunião da direcção do PCP, anuncia datas de reuniões das direcções de outros partidos: confessando que afinal os critérios editoriais não valem o mesmo para todos, ou só se impõem quando se trata de ocultar o PCP.

Mas nos dias e semanas que se seguiram às eleições o PCP fez mais, tanto como nenhum outro partido foi capaz de fazer. Saído da intensa campanha eleitoral, o colectivo partidário foi capaz de erguer múltiplas iniciativas, de que se destacam os comícios em Lisboa e no Seixal e a reunião de quadros no Porto. Iniciativas com uma dimensão e participação ímpares, mas que mereceram menos (muito menos, nalguns casos) atenção mediática que certas visitas a feiras ou idas a cafés.

Um caso gritante é o da iniciativa do Porto onde, num dia em que naquela cidade choveu numa tarde o equivalente a duas semanas, estiveram centenas de participantes. A televisão pública, apesar de lá ter enviado uma equipa, escolheu passar ao lado da iniciativa no seu principal noticiário desse dia, no qual incluiu uma peça precisamente sobre uma reunião da direcção de um outro partido. Mais uma vez, os critérios editoriais são de sentido único.

Por fim, mal abriu a nova legislatura na Assembleia da República, o PCP apresentou um conjunto de iniciativas legislativas, que vão da recuperação e conquista de novos direitos no plano laboral – como a redução do horário semanal para as 35 horas para todos ou a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador e o fim do regime de caducidade na contratação colectiva – a medidas direccionadas para os serviços públicos (transporte, educação, saúde, por exemplo). Mas pelas televisões e jornais o que vimos foi um cenário bem diferente: parece que pelo Parlamento só se passaram fait-divers (dos mais teatrais métodos para um deputado se sentar, à indumentária menos habitual de um assessor).

Quem esteve muito atento talvez tenha percebido, também, que se elegeu o presidente da Assembleia da República. Tudo isto foi notícia; mas quantos ficaram a conhecer as soluções para os problemas do País propostas pelo PCP?



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