Utentes manifestam-se em defesa da urgência pediátrica do HGO

SAÚDE A urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, voltou a encerrar ao fim-de-semana por falta de médicos para cumprir as escalas nocturnas. Utentes exigem que o Governo resolva a situação.

O HGO serve uma população de 350 mil pessoas

A falta de médicos pediatras para cumprir as escalas nocturnas no HGO já dura há mais de um ano, quando saíram 13 médicos. Dos 28 especialistas, apenas sete fazem urgências e destes apenas quatro asseguram a urgência nocturna, porque têm menos de 55 anos. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Sul, a escala deste serviço apresenta-se quase todos os dias incompleta, contando frequentemente apenas com um especialista em Pediatria para uma afluência diária de mais de 150 utentes.

Medidas urgentes
No sábado, 26 de Outubro, as comissões de utentes de Almada e do Seixal concentraram-se à porta do HGO, «em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), público e de qualidade». Reclamando «medidas imediatas» para ultrapassar aquela situação insustentável, mais de uma centena de manifestantes empunharam cartazes onde se exigia «Nem mais uma hora de urgência encerrada».

O HGO serve uma população de 350 mil pessoas, das quais 160 mil são crianças. Neste sentido, os utentes consideram que a abertura de um centro de saúde em Almada e outro na Amora, ao fim-de-semana, entre as 10h00 e as 17h00, e o direccionamento para as urgências pediátricas dos hospitais de Santa Maria e Estefânia, em Lisboa, no período nocturno, não é uma solução.

José Lourenço, em representação das comissões de utentes, sublinhou que a administração do hospital «está de pés e mãos atadas». «Quando a tutela (Ministério da Saúde) autoriza que seja feito um concurso para três pediatras, quando estão em falta 12, ninguém aparece ao concurso», criticou, cita a Lusa.

Por seu lado, João Proença, presidente da Federação Nacional dos Médicos, apelou ao Governo para que «mude a lei de gestão». «É preciso criar atracção aos médicos para dignificar a carreira médica, com novas medidas salariais para que as pessoas se motivem a trabalhar no SNS», defendeu.

Várias pessoas optaram por participar na acção com os filhos, como foi o caso de Ana Pato, de 36 anos. «Se a minha criança estiver doente à noite terei que me deslocar para Lisboa, o que não faz sentido», frisou, afirmando que «é preciso que as pessoas se unam para defender o SNS».

Também Jorge Geraldes, 58 anos, considerou inadmissível que «no século XXI e num País desenvolvido» um «hospital central encerre as urgências de pediatria porque faltam recursos».

Entre outros, no protesto estiveram também presentes Zoraima Prado, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, e Joaquim Judas, vereador da CDU na Câmara Municipal de Almada. Em representação do PCP, Paula Santos, deputada na Assembleia da República, manifestou solidariedade com a luta dos utentes e exigiu que o SNS seja reforçado com meios humanos e financeiros.

Retrocesso incompreensível
O Grupo Parlamentar do PCP criticou, entretanto, a «transferência de doentes» do HGO para Lisboa, uma medida que «significa retroceder cerca de 30 anos na prestação de cuidados de saúde na Península de Setúbal». No início de Maio de 2019, o Governo, em resposta a uma pergunta do PCP, assumiu que ira proceder à contratação de sete pediatras no prazo temporal de seis meses.

«É absolutamente urgente a contratação de médicos pediatras para suprir as carências identificadas e para assegurar o adequado funcionamento do serviço de urgências pediátricas do HGO», lê-se no texto de uma pergunta dirigida pelos deputados comunistas ao Governo, para saber que «avaliação faz da recorrente falta de médicos» e se «reconhece as consequências gravosas para utentes, mas também para os profissionais de saúde que ficam assim mais sujeitos a situações de esgotamento».

O PCP quer ainda saber se esta situação «poderá repetir-se nos próximos dias», para quando a «contratação dos médicos em falta, em particular para o serviço de urgência», e «qual o ponto de situação relativamente ao compromisso assumido de contratação de sete pediatras para o HGO».

 



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