PCP inicia legislatura cumprindo compromissos

PROPOSTA A 14.ª legislatura abriu na sexta-feira, 25 de Outubro. Para lá da tomada de posse dos deputados e da eleição dos órgãos da Assembleia da República, o PCP apresentou de imediato 12 iniciativas legislativas, a que se somaram muitas outras nos dias seguintes.

São 43 as propostas entregues pelo PCP na primeira semana da legislatura

Ao contrário de outros, que apostaram na criação de «casos» ou em chamar a atenção por questões meramente formais, o PCP iniciou a legislatura cumprindo compromissos assumidos durante a campanha eleitoral. Logo no primeiro dia de trabalhos, foram 12 as iniciativas entregues pelo PCP, correspondendo a «medidas urgentes que visam a resposta a problemas mais imediatos», como afirmou na sua apresentação João Oliveira, reconduzido no cargo de presidente do Grupo Parlamentar.

Desse primeiro lote de propostas, entre projectos de lei e projectos de resolução, constam: a fixação do horário de trabalho em 35 horas semanais; o combate à precariedade e o reforço dos direitos dos trabalhadores; a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador e o fim da caducidade da contratação colectiva; a universalidade e gratuitidade no acesso a creches a todas as crianças até aos três anos; o alargamento da isenção de taxas moderadoras até à sua eliminação; a elaboração de um programa extraordinário de contratação de profissionais para o SNS; a contratação dos trabalhadores em falta na Escola Pública; a impenhorabilidade da habitação própria e permanente; o financiamento de todas as candidaturas consideradas elegíveis no recente concurso de apoio às artes; o estatuto da condição policial; o estabelecimento do regime de financiamento permanente do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos transportes públicos; e a redução de embalagens supérfluas em superfícies comerciais.

Ao lado dos trabalhadores,
do povo e do País

Na segunda-feira, 28, deram entrada mais propostas, relativas a matérias como o trabalho por turnos e nocturno, a idade da reforma e o factor de sustentabilidade, as longas carreiras contributivas, a eliminação de penalizações a reformados, o subsídio de desemprego, os despejos, a saúde e segurança no trabalho nas forças e serviços de segurança, as áreas protegidas, as portagens nas antigas SCUT e a obsolescência programada. Para, logo no dia seguinte, apresentar outras, sobre a fixação do direito a 25 dias úteis de férias e relacionadas com desempregados de longa duração, abono de família, acesso ao medicamento, IVA da energia e agricultura familiar.

Ontem, 30, deram entrada nos serviços da Assembleia da República mais um conjunto de propostas do PCP relativas à reposição dos valores de pagamento do trabalho suplementar, o regime especial de reforma para trabalhadores das minas e pedreiras, a prestação social de inclusão, a atribuição ao Laboratório Militar de responsabilidades ao nível da produção e dispensa de medicamentos, o prolongamento dos contratos de arrendamento para 10 anos, a alteração do Estatuto da GNR no que respeita ao horário de referência semanal e as tarifas reguladas de electricidade.

Hoje darão entrada propostas relativas ao aumento do Salário Mínimo Nacional para 850 euros, à reposição de montantes e regras de cálculo nas compensações por cessação do contrato de trabalho e despedimento, à adaptabilidade individual, aos bancos de horas e adaptabilidades grupais, aos despedimentos por inadaptação, extinção do posto de trabalho e colectivo, ao financiamento da Segurança Social e ao transporte não urgente de doentes.

Quantidade e qualidade

Entretanto, o novo Governo, composto por 19 ministros e 50 secretários de Estado, tomou posse no sábado, sem a presença de qualquer representação do PCP. Questionado por vários órgãos de comunicação social acerca da sua ausência, o Partido esclareceu que essa foi a «prática de décadas do PCP», interrompida em 2015 (e só aí) por circunstâncias concretas: a necessidade de marcar uma «posição política face à obstinação do então Presidente da República, Cavaco Silva, de tudo fazer para manter em funções o governo PSD/CDS, contra a vontade do povo português.»

Relativamente ao Governo propriamente dito, o Secretário-geral do PCP tinha já afirmado, no dia 23, que «nem sempre a quantidade significa qualidade, mas são as práticas concretas, os posicionamentos do Governo em relação às políticas a realizar, que vão ser o teste». Serem muitos ou poucos governantes não é, portanto, para Jerónimo de Sousa, a questão determinante. Porém, não deixou de manifestar as suas «muitas dúvidas» de que, no caso, quantidade signifique qualidade.

Eduardo Ferro Rodrigues, do PS, foi reeleito presidente da Assembleia da República e o comunista António Filipe ficou como um dos vice-presidentes. Ana Mesquita foi eleita secretária da Mesa.




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