Uma nova geração desperta nos EUA
Concluímos nesta edição a publicação dos testemunhos dos representantes de partidos comunistas e forças progressistas que participaram na Festa do Avante!
O «sonho americano», os EUA como «a terra das oportunidades» e da «livre iniciativa», são uma narrativa que colhe cada vez menos trabalhadores, particularmente entre as jovens gerações. Tal deve-se ao facto de as condições materiais experimentadas serem crescentemente mais duras e os direitos mais comprimidos. Com um discurso que enfrenta dificuldades de penetração, as classes dominantes estão a apostar em força na ascensão do fascismo, a cujo é preciso responder com a construção de uma ampla frente progressista.
Estas foram as ideias fundamentais transmitidas por Shawnsey Key Robinson e John Wojcik em conversa com o Órgão Central do PCP durante a Festa do Avante!.
Ao Avante!, Shawnsey Key Robinson, que por ser editora para as redes sociais tem uma particular percepção e responsabilidade na batalha das ideiais, garantiu denotar entre os mais jovens uma maior disponibilidade para a luta. «Não quero com isto dizer que se assumem como comunistas, que identificam no marxismo a ferramenta para analisar a realidade e transformar o mundo. Mas a verdade é que os Millennials (ou dita de geração y, referindo-se aos nascidos entre o fim do seçulo passado e o início deste), são hoje não apenas muito menos premiáveis a parcelas centrais da ideologia das classes dominantes, como expressam com cada vez maior convicção o repúdio do capitalismo.
«À medida que engrossam as fileiras da classe operária e do proletariado em geral, confirmam que estão a retroceder nas condições de vida face aos seus pais, que este sistema não só não responde às expectativas que lhes foram criadas, mas que nunca será capaz de as cumprir», detalhou.
John Wojcik, concorda com a a sua camarada do PCUSA (na sigla original), e sem dosear o optimismo, sustenta que os efeitos de uma crise capitalista já levaram milhões de trabalhadores a tomarem consciência noutras ocasiões da história dos EUA. Designadamente entre a Grande Depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra Mundial.
«A resposta dos imperialistas foi apostar no fascismo. Hoje consideramos – e essa foi uma ideia-chave que saiu da nossa recente Convenção Nacional – que o grande capital transnacional da finança, das indústrias da guerra e dos combustíveis fósseis, está a impulsionar as fracções ultra-montanas», das quais [Donald] Trump é apenas uma expressão. Nesse sentido, decidimos que o PCUSA tem como prioridade contribuir para uma ampla frente antifascista capaz de travar a sua imposição. Como aconteceu com sucesso entre os anos 30 e 50 no nosso País», acrescentou.
O caminho não é fácil, admitem os camaradas norte-americanos, exemplificando com o enfraquecimento do movimento pela paz, resultado de uma sofisticada campanha que leva milhões de estado-unidenses a julgarem como inimigos externos a Rússia ou a China, e, por conseguinte, a afastarem-se da identificação do papel agressivo dos EUA, a baterem-se pelo fim das 800 bases militares norte-americanas no mundo ou em defesa do desarmamento controlado, explicaram.
Shawnsey Key Robinson e John Wojcik asseguraram no entanto que as potencialidades transformadoras não são menores do que os perigos e dificuldades, e para além da ligação às massas e do impulso que dizem o seu partido pretende dar ao movimento unitário de carácter progressista, insistem no papel central da consolidação de laços de solidariedade internacionalista e na batalha das ideias, designadamente através de meios de comunicação de massas como o People’s World.